Médicos param hoje unidades do SUS em 21 Estados


DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Médicos de unidades do SUS (Sistema Unificado de Saúde) em todo o Brasil vão parar hoje em protesto contra as baixas remunerações e as más condições de trabalho na rede pública. Serão interrompidos os atendimentos a consultas e exames em ao menos 21 Estados –estão garantidos os atendimentos nas unidades de emergência e urgência.
Formandos em medicina são massacrados pelo MEC, diz leitor
Cirurgiões suspendem atendimento a convênios no Rio
Médicos param atendimento a planos de saúde nesta quarta-feira
A paralisação durante toda esta terça-feira está confirmada nos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Sergipe.
No Estado do Piauí, a paralisação vai durar três dias. Em São Paulo e em Santa Catarina, somente algumas unidades param e por poucas horas.
Em São Paulo, estão confirmadas paralisações nos hospitais Emílio Ribas, Hospital do Servidor Estadual e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Em Santa Catarina, os médicos vão parar por apenas uma hora.
No Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Tocantins a rede não para –serão feitos apenas protestos e manifestações.
Com nome de “Movimento Saúde e Cidade em Defesa do SUS”, as manifestações são organizadas por uma comissão composta por representantes do CFM (Conselho Federal de Medicina), da AMB (Associação Médica Brasileira) e da Fenam (Federação Nacional dos Médicos).

REIVINDICAÇÕES
Uma das pautas da mobilização é o reajuste dos honorários médicos. Segundo a Fenam, o salário-base médio de um médico no SUS é de R$ 1.946,91, variando de R$ 723,81 a R$ 4.143,67. O vencimento básico, que representa cerca de 50% do pagamento ao médico, deveria ser R$ 9.688, segundo cálculos feitos pela federação.
As entidades apontaram outra deficiência da rede pública: a queda no número de leitos normais e de UTI. Entre 1990 e 2011, o país perdeu cerca de 203 mil leitos no SUS, segundo dados apresentados pela comissão.
Aloísio Tibiriçá, 2º vice-presidente do CFM, relembrou o movimento dos médicos no mês passado, em defesa de melhores honorários nos planos de saúde, e comparou os dois sistemas –o público e o privado. “Os planos de saúde gastam 55% de toda verba em saúde para atender a 25% da população. E o SUS, que atende a 75% dos brasileiros, usa 45% do que é gasto em saúde no país.”
“Com a mobilização queremos chamar a atenção das autoridades para a necessidade de mais recursos para a saúde, melhor remuneração para os profissionais e melhor assistência à população”, afirma Tibiriçá.

SÃO PAULO
Para chamar atenção para o movimento, médicos vão “envelopar” com a bandeira do Brasil a sede da APM (Associação Paulista de Medicina), no bairro da Bela Vista, centro de São Paulo.
Depois, farão protesto na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal de São Paulo para denunciar as más condições de trabalho. Na rede estadual, salário é de R$ 1.700 e, na capital, de R$ 2.200 para 20 horas semanais.

Sarney chama de ‘burros’ críticos da estatização de sua fundação

POR OSWALDO VIVIANI – Jornal Pequeno

Em artigo publicado ontem (23) no jornal O Estado do Maranhão, de sua família, o presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) mostrou-se irritado com a repercussão negativa da estatização da Fundação José Sarney, aprovada a “toque de caixa” pela Assembleia Legislativa maranhense na quarta-feira (19).
No artigo, intitulado “A burrice e a política”, Sarney chamou de “idiotas”, “burros”, “invejosos” e “ingratos” os críticos da estatização – medida que vai custar aos contribuintes do Maranhão ao menos R$ 1,1 milhão por ano (cerca de R$ 90 mil mensais).
Há um “injusto debate de alguns idiotas sobre uma das maiores obras de amor e benemerência ao Maranhão que eu fiz: doar ao povo do Maranhão um patrimônio”, disse o senador, que garantiu ter feito a “doação” ao povo maranhense “com grandeza, amor e desprendimento”.
“Vejo nessa reação, reunidos, todos aqueles defeitos que movem o ódio político: a inveja, a burrice e a ingratidão”, finalizou Sarney.
Segundo o projeto de estatização encaminhado à AL pela governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do senador, e aprovado na quarta-feira, a Fundação José Sarney passará a se chamar Fundação da Memória da República Brasileira e terá o presidente do Senado como “patrono”.
Sarney terá direito a indicar dois dos 11 membros do Conselho Curador. Em caso de falecimento de Sarney, as duas vagas de sua cota seriam providas por indicação de seus herdeiros.
A estatização da Fundação José Sarney não vai extinguir os processos que correm na Justiça e nos órgãos controladores sobre desvios de recursos públicos estaduais e federais na entidade. Há processos contra a Fundação Sarney no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) e no Tribunal de Contas da União (TCU).
Os processos são resultado de ações impetradas pelos ministérios públicos Estadual e Federal (MPE e MPF) e de apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
Veja a íntegra do artigo de José Sarney publicado em seu jornal ontem:

A burrice e a política
José Sarney

Um dia, estava com Tancredo Neves e descontraidamente conversávamos sobre a política, as suas vicissitudes, suas amarguras e seu potencial gratificante. Perguntei-lhe se ele tivesse de arrolar três virtudes que deviam ter os políticos. Ele, com certo humor, me respondeu: “Sarney, para mim acho que as sete primeiras são paciência, as outras três você pode escolher como quiser”. Rimos juntos e fiquei logo certo de essas primeiras sete eu possuía demais e muitas vezes fui criticado por essa conduta.
Quando eu era presidente da República, em momentos difíceis, me aconselhavam a dar um “murro na mesa”. Eu respondia com paciência que havia dois perigos nessa atitude: ou quebrar a mesa ou quebrar a minha mão. Fui visitar Jânio Quadros quando estava muito doente, com grande dificuldade de levantar-se. Ao me saudar, sem perder aquela teatralidade que marcava seus gestos me disse: “Jô!, Jô! Jô!, não é Sarney. Nunca vi tanta tolerância e paciência”.
Mas políticos encontramos de todos os tipos. Uns são bons, outros são maus. Mas não devemos julgar os políticos somente por estes, numa generalização deformada. Em geral, os maus políticos começam pela burrice e a burrice embota. Talvez este seja o menor defeito de um mau político. Este não depende do caráter nem de qualquer formação moral. Podemos dizer ser um defeito físico de nascença, assim como um pescoço torto. São burros e pronto! E não há nenhum milagre que cure a burrice. Eu sempre brinco que Jesus fez todos os milagres: fez cego ver, morto ressuscitar, aleijado andar, mas em nenhuma passagem do Evangelho há uma de que Cristo tenha transformado um burro em inteligente.
Piores são os defeitos do ódio, da inveja, da maldade, da indignidade, da mentira, da desonestidade e o maior de todos, aquele que Santo Agostinho dizia ser o mais abjeto: a traição. E foi um poeta, Valéry, não foi um santo nem um político, que disse ser a mais repugnante das atividades humanas, a política “porque lida com a ingratidão”. Shakespeare, na tragédia de Macbeth, tem uma passagem em que ele diz “que a ingratidão é uma fúria com o coração de pedra”. Já Sartre com sua irreverência reagia com revolta dizendo que “quem mexe com política está sempre com a mão na m…”
Porque estas reflexões? É assistir o injusto debate de alguns idiotas sobre uma das maiores obras de amor e benemerência ao Maranhão que eu fiz: doar ao povo do Maranhão um patrimônio, que os outros presidentes venderam, do meu valioso arquivo de mais de um milhão de documentos, três mil peças de museu de obras de arte e uma biblioteca de mais de 30.000 livros, muitos raríssimos que acumulei ao longo de minha vida. E o fiz com grandeza, amor e desprendimento.
Mais de cem mil pessoas, com presença registrada no livro de visitas, passaram na Fundação José Sarney, ponto de turismo e estudo da História do Brasil.
Vejo nessa reação, reunidos, todos aqueles defeitos que movem o ódio político: a inveja, a burrice e a ingratidão.

Carta ao Senador José Sarney


Blog do por John Cutrim

Por Inacio Augusto de Almeida

O que o diferencia dos outros, Senador José Sarney?
Por que intelectuais como Jorge Amado e José Américo de Almeida fizeram a doação dos seus acervos aos estados da Bahia e Paraíba, respectivamente, mas tiveram o cuidado de não causar nenhuma despesa aos cofres públicos?
O senhor pouco está preocupado com a despesa que estará causando ao pobre estado do Maranhão. Para o senhor só interessa que a sua memória seja preservada. Não se preocupe, Senador José Sarney, o senhor já está na história deste país. Como? O senhor sabe isto bem melhor do que eu.
O senhor recebe uma aposentadoria de ex-governador sem desta aposentadoria ter a mínima necessidade.
Jorge Amado e José Américo de Almeida jamais iriam receber uma aposentadoria para acumular com outros proventos. Até porque, um intelectual verdadeiro não é escravo do dinheiro. Conhece o valor de que é possuidor. O mesmo não acontece com o pseudo-intelectual, já que isto vive preocupado com o dia de amanhã. Por mais que tenha acumulado dinheiro, às vezes de forma até não muito recomendável, sempre está preocupado em ter mais e mais. É um inseguro por natureza, já que sabe do pouco ou quase nenhum valor que possui.
E estes intelectuais, Jorge Amado e José Américo de Almeida, sobre os quais nunca se levantou nenhuma suspeição sobre a autoria das suas obras, jamais baixaram o nível ao ponto de chamar de jumentos seus semelhantes. Esta forma chula de tratamento se adéqua a pseudo-literato, que movido pelo desespero parte para a agressão tentando desqualificar os que não se curvam e rejeitam a sua megalomania.
Sabe quantas ruas levam o nome de José Américo de Almeida em João Pessoa? Não? Apenas uma!
Quantas ruas levam o seu nome em São Luís?
Tentei contar, mas cansei-me. Cansei-me ou perdi a conta.
Sabe quantas ruas levam o nome de Jorge Amado em Salvador? Não? apenas uma.
Quantas ruas levam o seu nome em São Luís? Nem o senhor mesmo sabe.
Talvez, Senador José Sarney, o senhor não saiba que na Paraíba não existe nenhuma cidade com o nome de José Américo de Almeida.
No Maranhão existe cidade com o seu nome.
Quer comparar os valores entre o senhor e estes dois escritores? Não, não vou submetê-lo a tamanho constrangimento. Seria uma crueldade.
Respeite as pessoas para ser respeitado.
Não pense o senhor que tentando desqualificar os que se mostram indignado com tantos absurdos conseguirá intimidá-los.
Quer passar à história como um benemérito, um vulto digno de honras e aplausos, comece por doar esta sua aposentadoria de ex-governador a uma instituição de caridade, esforce-se por escrever uma obra digna deste nome, e, principalmente, respeite os seus semelhantes.
Talvez assim o senhor venha a ser lembrado como um homem que no fim da vida arrependeu-se.
Isto é o máximo que o senhor pode conseguir.

Roseana estatiza as dívidas e a tumba do pai


Aiuri Rebello
VEJA

Em 1990, para que a recém-criada Fundação José Sarney tivesse uma sede à altura do maranhense que acabara de deixar a Presidência, o governador João Alberto de Souza, agregado da Famiglia, doou ao patriarca o Convento das Mercês. Construído em meados do século 17 sob a supervisão do padre Antonio Vieira, a reliquía histórica e arquitetônica incrustada em São Luiz abrigou a Ordem dos Mercedários até 1905, quando passou ao controle do governo estadual. Na semana passada, a abjeção consumada há 21 anos por João Alberto, hoje senador pelo PMDB, foi repetida em escalada ampliada pela governadora Roseana Sarney: controlada pela filha do presidente do Senado, a Assembleia Legislativa aprovou a estatização da Fundação José Sarney, rebatizada de Fundação da Memória Republicana Brasileira.
O Convento das Mercês já havia sido reincorporado ao patrimônio público em 2009, depois que a Justiça considerou ilegal a doação do prédio. Como a fundação está oficialmente extinta desde junho passado, foram estatizados, na prática, um rombo financeiro ainda por calcular, as despesas com a manutenção (R$ 60 mil por mês), pendências trabalhistas, suspeitas de desvios de verbas, um balaio de convênios irregulares, dois processos e o local assinalado por uma lápide onde Sarney pretende ser sepultado.
O patrimônio inclui “documentos históricos” relativos ao período em que Sarney foi presidente ─ atas de reuniões com ministros, pronunciamentos, entrevistas, anotações e outros papéis ─ obras de arte e uma biblioteca, além da estátua de bronze em tamanho natural que mostra Sarney lendo um livro num banco de jardim. Na justificativa do projeto, examinado e aprovado em menos de uma semana, Roseana capricha nos contorcionismos para transformar culpados em vítimas ─ e apresentar como gesto generoso mais uma prova da ganância dos donos da capitania hereditária.
“Lamentavelmente, a história da fundação tem sido marcada por constantes crises financeiras, haja vista que ela não dispõe de fontes públicas de financiamento para a sua manutenção, valendo-se, até agora, de assistemáticas contribuições de cidadãos e empresas privadas, insuficientes para custear o seu funcionamento”, choraminga um trecho do palavrório. “Isso é a perpetuação de um privilégio com dinheiro público”, replicou o deputado Marcelo Tavares (PSB-MA), líder da oposição na Assembleia. “Num estado tão carente como o Maranhão, estão socializando todos os custos e prejuízos desse absurdo”, completou Tavares.
Depois de devolvido ao patrimônio público, o Convento das Mercês continuou cedido à Fundação José Sarney, que em 1990 se comprometeu formalmente a cuidar do prédio. A promessa nunca foi cumprida, comprovam os numerosos sinais de deterioração e parte do edifício que ameaça virar ruína. Em 2010, arcos de sustentação no pátio interno tiveram que ser escorados com vigas de madeira. O acervo é castigado pelo mofo e pela humidade. Reflexo do quadro de abandono, o website da fundação está fora do ar e ninguém atende às chamadas telefônicas.
Em 2009, as contas atrasadas de água, luz e telefone somavam cerca de R$ 100 mil. No começo de 2010, o Ministério Público do Maranhão acionou o governo por ter feito dois repasses irregulares à fundação no valor de R$ 400 mil. Em janeiro deste ano, o Tribunal de Contas da União acatou denúncia do Ministério Público Federal sobre o desvio de R$ 500 mil de uma verba de R$ 1,3 milhão proveniente de convênios firmados com a Petrobras. O esquema foi descoberto em 2009. Em nota, o governo do Maranhão jurou na semana passada que todas as dívidas foram quitadas. Também informou que não há data marcada para a abertura da instituição aos maranhenses que pagaram a conta.
Em vez de festejar sem ruído o socorro ilegal, Sarney resolveu provar que o errado está certo. “Vejo nessa reação, reunidos, todos aqueles defeitos que movem o ódio político: a inveja, a burrice e a ingratidão”, irritou-se. “É injusto esse debate de alguns idiotas sobre uma das maiores obras de amor e benemerência ao Maranhão que eu fiz: doar ao povo do Maranhão um patrimônio, que os outros presidentes venderam, do meu valioso arquivo de mais de um milhão de documentos, três mil peças de museu de obras de arte e uma biblioteca de mais de 30.000 livros, muitos raríssimos que acumulei ao longo de minha vida. E o fiz com grandeza, amor e desprendimento”.
Não foi por grandeza, amor e desprendimento que o senador ganhou da turma que comanda o apelido descoberto pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica. Virou Madre Superiora pelo que fez e desfez enquanto foi o dono do convento. (Blog do Augusto Nunes)

Genro da prefeita de Timon quer calar blogueiros

Blog do Luis Cardoso

Um sujeito casado com uma filha da prefeita de Timon, Socorro Waquim, não aceita que ninguem denuncie seus abusos. Funcionário em Teresina e estranhamente servidor do Tribunal de Justiça do Maranhão, o cara processa Luis Pablo, meu filho, estudante de jornalismo e blogueiro bastante acessado no Maranhão.
Pablo denunciou com fotos uma operação da Cemar para capar um “gato” que teria sido encontrado na área da frente da residência do sujeito. Ele entrou com um processo criminal contra o blogueiro.
Amanhã estaremos em Timon porque na terça-feira será a primeira audiência na Comarca daquela cidade. Estranho que a Cemar, autora da operação, não tenha se manifestado até agora para confirmar ou não a existência do ”gato” na residência do cara.
Antes de seguirmos para Timon (pai e filho) pediremos toda a proteção policial, pois existem informações de que o sujeito é metido a violento e costuma usar a autoridade da sogra para intimidar as pessoas.
A Cemar, lamentavelmente, não fornece as contas da residência dos últimos seis meses. Também, púdera, comentam que a conta estaria em nome do sogro do sujeito, o deputado federal Professor Waquim, acusado por diversas vezes pela prática de crime de pedofilia na cidade de Timon.
A Cemar bem que poderia mostrar que não tem ligações de obediência com a prefeita e o marido deputado federal, confirmando ou não a existência da operação e o que fazia cavando em frente da residência do sujeito, após receber denúncias de que algum bichano miava no local.
O deputado estadual Luciano Lietoa confirmou para Luis Pablo que a oiperação de fato existiu, mas nunca usou a tribuna da Assembleia Legislativa para denunciar o ilícito. Aí nenhuma surpresa, considerando que ele agora virou aliado do Palácio dos Leões, que sempre protegeu a família Waquim. Uma lástima.

A esperteza de Sarney


Senador Sarney – Foto: O Imparcial

Blog do John Cutrim

Em artigo intitulado “A burrice e a política”, publicado no jornal O Estado do Maranhão, de propriedade da família, o presidente do Senado José Sarney disse que as reações contrárias à estatização da Fundação José Sarney reúnem todos “aqueles defeitos que movem o ódio político: a inveja, a burrice e a ingratidão”. Ora, o senador Sarney acha mesmo burrice aceitarmos a esperteza dele de financiar, com o nosso dinheiro (como se a família não fosse uma das mais ricas do país), por meio do governo da filha, as suas tralhas, o qual classificou como “valioso arquivo de mais de um milhão de documentos, três mil peças de museu de obras de arte e uma biblioteca de mais de 30.000 livros”. Por que não fazer como o Instituto FHC e o Instituto Lula que são custeados através de parcerias com a iniciativa privada? Já basta as cinco décadas de miséria, opressão e sofrimento que a oligarquia “doou ao povo do Maranhão”.

‘O que mais posso querer?’, diz presidente reeleita da Argentina


Militantes peronistas comemoram vitória de Cristina Kirchner na Praça de Maio, neste domingo (23) (Foto: Amauri Arrais / G1)

Cristina Kirchner confirmou favoritismo e obteve mais de 50% dos votos.
Em 1º discurso, ela pediu união e agradeceu ligação ‘fraternal’ de Dilma.

Amauri Arrais Do G1, em Buenos Aires

No seu primeiro discurso após ter sido anunciada como vitoriosa na corrida eleitoral da Argentina, Cristina Kirchner pediu união e comemorou o fato de ser a primeira mulher reeleita presidente do país.

“Sou uma mulher de 58 anos que milita desde muito jovem que cheguei a lugares que nunca pensei que chegaria na vida. Não apenas tive a honra de ser mulher presidente, como de ser a primeira mulher reeleita presidente. Não quero mais nada. Que mais posso querer?”, brincou a presidente, em um discurso transmitido em cadeia de TV do Hotel Intercontinental, no centro de Buenos Aires.
“A única coisa que quero é cooperar com a Argentina, a seguir crescendo com o país, g erando mais postos de trabalho, mais valor agregado, mais ciência e tecnologia, mais escolas, mais saúde. Ajudar a mudar a vida dos argentinos. Isso não se pode só, precisamos da colanboração de todos”, afirmou.

Cristina confirmou o favoritismo que teve toda a campanha, como apontavam as pesquisas de intenção de voto. A candidata da Frente para a Vitória já havia vencido as eleições primárias de agosto com uma diferença de 38 pontos em relação ao segundo colocado, o radical Ricardo Alfonsín.
Milhares de seguidores da presidente tomaram as ruas da capital, Buenos Aires, já comemorando a vitória.
Ligação de Dilma
Num discurso emocionado, como é a marca da peronista, pontuado pelas referência ao marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, cuja morte completa um ano no próximo dia 27, Cristina iniciou agradecendo às ligações de colegas de outro países, como a presidente Dilma Rousseff.
“Quero dizer um imenso obrigado aos 40 milhões de argentinos, a todos os homens e mulheres de todos os partidos políticos que participaram dessas eleições. Quero agradecer a ligação solidária, amiga, fraternal de Dilma Rousseff”, disse a presidente, que também citou ligações do venezuelano Hugo Chávez e do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, entre outros.

Ao agradecer ao prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, a presidente se irritou com os militantes, que vaiaram. “Não sejam assim, não me façam se zangar. O pior que pode acontecer à gente é ser pequeno. Não sejamos pequenos, sejamos grandes.”

Comovida, dedicou vários minutos do discurso à memória do marido. “Quero agradecer a alguém que já não posso chamar mas é o grande fundador da vitória dessa noite. Nunca acreditei nem pensei em fazer sem ele, sem sua incomensurável coragem”, disse, enquanto militantes cantavam o hino que ficou conhecido após a morte do ex-presidente: “Néstor não morreu, vive no povo”.
Como havia feito no último discurso de campanha, a mandatária voltou a pedir união. “Sinto hoje a imensa responsabilidade de conduzir nosso país a que viva uma história diferente da dos últimos 200 anos. Quero apelar à vocação patriótica de todos os argentinos. Um país não se constrói apenas com dirigentes, mas com seu povo”, disse.

Primeira presidente mulher reeleita
Aos 58 anos, Cristina Fernandes Kirchner, é a primeira mulher reeleita presidente na América Latina. Ela se consagrou como a primeira presidente mulher eleita na Argentina ao vencer no primeiro turno, com 45,29% dos votos, as eleições de 28 de outubro de 2007.
Advogada, ela iniciou sua militância política em sua La Plata natal, na Frente de Agrupamentos Eva Perón, que se uniria a outros grupos militantes para formar a Juventude Universitária Peronista.
Nesta época, conheceu seu companheiro de toda vida, Néstor Kirchner, com quem se casou em 1975. Após o golpe de Estado de 1976, os dois se mudaram para a cidade natal de Kirchner, Río Gallegos, que se tornaria o principal reduto político do casal. Lá tiveram os dois filhos, Máximo e Florencia.
Foi eleita pela primeira vez como deputada estadual em 1989, sendo reeleita em 1993 e 1995. Em 1995 ingressou no Senado, cargo ao qual renunciou para ser eleita deputada em 1997. Em 2001 foi eleita novamente senadora. Quatro anos depois foi eleita para o terceiro mandato de senadora pela Provincia de Buenos Aires, pela Frente para a Vitória.

Homem se rende e termina sequestro de quase 24 horas em motel no MA



PM corrigiu informação e diz que jovem de 17 anos não foi ferida.
Ex-marido manteve mulher como refém em quarto de motel em São Luís.

Tahiane Stochero
Do G1, em São Paulo

O homem de 36 anos, que mantinha há quase 24 horas a ex-mulher como refém em um motel em São Luís, no Maranhão, entregou-se por volta das 12h deste sábado (22), segundo o serviço de inteligência da Polícia Militar.
Conforme a PM, a jovem, de 17 anos, foi levada a um hospital sem ferimentos. Anteriormente, a polícia havia divulgado a informação de que a refém estava ferida levemente por um disparo acidental provocado pelo sequestrador.
O sequestrador pediu que fosse levado em uma viatura policial para a delegacia, diz a PM.

O casal estava recluso dentro do banheiro de um quarto do motel e a negociação era realizada através da porta do banheiro, sem contato visual. Uma avó do suspeito foi chamada para participar das negociações e pediu que ele entregasse a arma e se rendesse.
Conforme os policiais, o suspeito estava cansado e o casal não havia recebido alimentação desde o início das negociações, que começaram por volta das 16h de sexta-feira (20).

O sequestro começou quando o homem, de 36 anos, raptou a jovem por volta das 12h na porta da escola e levou a refém para um motel. O casal teve um relacionamento curto e o homem não teria concordado com o rompimento.

Três negociadores da Polícia Civil atuam diretamente e a equipe tática que está preparada para uma suposta invasão, caso fosse necessária, é da Polícia Militar. Os pais da jovem e a mãe e o advogado do suspeito estão no local.

O dia em que Sarney decidiu renunciar à Presidência da República

Brossard: uma expedição ao País da Memória, às vésperas dos 87 anos de idade (Foto: Ricardo Chaves)

Blog doJohn Cutrim

O jornalista Geneton Moraes Neto entrevistou Paulo Brossard no Dossiê Globo News, que foi ao ar neste sábado. O ex-ministro da Justiça guarda em casa um documento que traz todos os detalhes sobre uma cena que aconteceu nos bastidores do poder: o dia em que o então presidente José Sarney comunicou a ele que iria renunciar à Presidência da República.
Em entrevista gravada em Porto Alegre, o ex-ministro e ex-integrante do Supremo Tribunal Federal diz o que fez depois de receber a notícia do presidente. Abaixo segue texto que o repórter escreveu para a edição de sábado do jornal Zero Hora com Paulo Brossard, o senador que já foi líder da oposição no Senado durante o regime militar.

O então ministro da Justiça Paulo Brossard foi o primeiro brasileiro a saber que o Presidente da República José Sarney iria renunciar ao mandato. A notícia bombástica lhe foi dada pelo próprio Presidente, numa audiência no Palácio do Planalto. “Fiquei um tanto perplexo” – resume, hoje, Brossard, às vésperas de completar 87 anos de idade.
O presidente era José Sarney, o vice que chegara ao cargo num inacreditável golpe do destino: como se sabe, o presidente eleito, Tancredo Neves, foi internado num hospital na véspera de tomar posse. Não se recuperaria. Quando foi entronizado na Presidência, Sarney tinha diante de si seis anos de mandato. A duração do mandato fora reduzida para cinco. Mas uma porção considerável do Congresso queria porque queria estabelecer uma nova redução do mandato – desta vez, para quatro anos. O presidente perdeu a paciência. Chegou à conclusão de que perderia as condições políticas de governar se o Congresso reduzisse para quatro anos o mandato presidencial.
O que fez Sarney ? Chamou o ministro Brossard para dizer que a decisão estava selada: iria renunciar. O país certamente enfrentaria turbulências : se Sarney renunciasse ali, em 1988, não havia um vice à mão para assumir. O presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, teria de convocar imediatamente uma eleição para Presidente da República. Acontece que o Congresso estava mergulhado na preparação de uma nova Constituição. Uma eleição inesperada, ali, atropelaria os trabalhos da Constituinte, além de jogar para o ar o calendário da redemocratização.
O senhor diz que ficou “perplexo”. Quando o Presidente lhe disse que iria renunciar, o senhor tentou demovê-lo ? – pergunto, durante a gravação da entrevista para o Dossiê Globonews (Canal 40 da Net).
“Não” – responde, firme, Brossard. “Eu tinha perguntado ao Presidente se aquilo era uma inclinação, uma hipótese ou uma resolução. Quando ele me disse que era uma resolução, eu disse: “Então, vamos tratar como uma resolução!”.
Brossard descreve o drama que estava se armando no Palácio do Planalto:
“Eu disse ao Presidente: “Compreendo a situação. Mas estou agora numa situação extremamente desconfortável. Porque – sabendo deste fato e nada fazendo – não cumpro o meu dever com o País. Ao mesmo tempo, não posso tomar qualquer iniciativa à revelia do senhor”.
O que fez o então ministro ? Avisou ao Presidente que iria convocar para uma “reunião reservada”, de manhã cedo, na sede do Ministério da Justiça, os líderes dos quatro maiores partidos: Ulysses Guimarães (PMDB), Jarbas Passarinho (PDS), Marco Maciel (PFL) e Paiva Muniz (PTB). Assim foi feito. O ministro disse aos quatro que, diante da pressão pela redução do mandato, o Presidente decidira abandonar o cargo. Os quatro ficaram tão perplexos quanto o ministro tinha ficado. Deixaram o Ministério discretamente, sem atrair a atenção de ninguém. Nenhum repórter viu o quarteto entrar ou sair do prédio. “Não tinha ninguém no Ministério. Não houve jornal que publicasse. Nada, nada”, descreve Brossard.
Depois da reunião secreta, a campanha pelos quatro anos arrefeceu. Brossard aposta que os quatro líderes trataram de alertar os seus liderados mais exaltados sobre o que estava para acontecer. O certo é que a renúncia não se consumou. Sarney, como se sabe, cumpriu cinco anos de mandato.
O ex-ministro produziu um documento sobre esta cena dos bastidores do Poder. Redigiu um relato de sessenta e cinco linhas sobre a ameaça de renúncia. Tratou de mandar uma cópia do relato para o próprio Sarney e os dois sobreviventes do quarteto de líderes partidários: Marco Maciel e Passarinho. Pediu que os três atestassem, por escrito, que o relato era fiel aos fatos. Os três atenderam ao pedido. Num gesto raro entre políticos, Brossard disse que vai encaminhar o documento à Biblioteca Nacional e ao Instituto Histórico e Geográfico.
O que é que alimenta um político já afastado da ribalta ? A memória, esta entidade impalpável mas fascinante – é o que penso, enquanto, diante de mim, o ex-ministro descreve com detalhes cenas de que foi personagem e testemunha privilegiada.

Polícia prende lavrador acusado de violentar e engravidar adolescente

Luís Santana de Lima: preso acusado de pedofilia – Foto: Blog do Antônio Marcos

POR WELLINGTON RABELLO
Jornal Pequeno

Policiais civis da cidade de Buriticupu, sob o comando o delegado Carlos Alessandro Rodrigues Assis, prenderam o lavrador Luís Santana de Lima, o “Luís Capoema”, de 56 anos. Ele é acusado de abusar sexualmente e de engravidar uma adolescente de 14 anos, com quem vivia maritalmente desde quando ela tinha 11, no assentamento Portão da Cikel.
A prisão aconteceu por volta das 13h da quarta-feira (19), após a polícia ser informada pelo Conselho Tutelar do município que tinha recebido denúncias anônimas sobre os abusos sofridos pela adolescente. De acordo com o delegado Carlos Alessandro, o lavrador começou a aliciar a menina quando ela morava com sua avó, no mesmo assentamento, até que ganhou a confiança da família e a vítima foi morar na casa dele.
O delegado informou que o lavrador vivia com a adolescente como se ela fosse mulher dele, sendo submetida aos abusos. Atualmente, a menina está no quarto mês de gravidez.

Mais abusos – O Conselho Tutelar de Buriticupu informou ainda ao delegado que recebeu denúncias de que o idoso teria um casal de filhos, uma adolescente de 13 anos e um jovem de 25, de nome Luís Santana Lima Filho. E que a menina estaria sendo violentada pelo próprio irmão, com o consentimento do pai e sob ameaças de morte para que não conte o fato a outras pessoas.
O delegado Carlos Alessandro informou que representou pela prisão preventiva de Luís Santana Filho, que está foragido.

Marido de prefeita ameaça com revólver homem em via pública



Blog do John Cutrim

O ex-prefeito de Tufilândia Irinaldo Sobrinho Lopes por pouco não transforma a cidade no palco de uma tragédia, no último domingo. Com um revólver na mão ele ameaçou de morte um trabalhador autônomo que prefere se manter no anonimato em frente a casa de seus familiares. A confusão se iniciou no sábado por causa do volume de um som automotivo.
– Ele chegou falando com ignorância comigo dizendo ‘baixa essa p… aí’! Eu fiquei nervoso e respondi a altura – diz a vítima. A partir daí os dois discutiram. Depois da entrevero a vítima teria ido pra casa.
No dia seguinte, Irinaldo teria ido na casa de uma tia da vítima com uma arma na mão. Uma foto feita com celular mostra o momento em que a tia da vítima pede pela vida do seu sobrinho. O ex-prefeito dizia a todo momento “vem pra fora moleque se tu for homem”, relata a vítima no boletim de ocorrência registrado na Delegacia Regional de Santa Inês.
Cenas de terror viraram rotina em Tufilândia. Há mais ou menos quatro anos Irinaldo, que é esposo da prefeita do município, Marinalva Sobrinho, agrediu, segundo informações, um outro senhor, por nome Dirailton com um cacetete, quebrando a cabeça do mesmo.
O irmão da prefeita Marinalva Sobrinho, conhecido por Chiquinho, também, conforme os moradores, é muito violento. Segundo eles, o policial Natan, que é pago para ser delegado do município, não passa de segurança da prefeita e seus familiares. A comunidade pede para a governadora Roseana Sarney, através da secretaria de Segurança, tome medidas preventivas urgentes. (Com informações do site Valedopindare.com.br)

Ministro diz que continua no cargo


Ministro Orlando Silva

Blog do Luís Pablo

Após uma hora de reunião com a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), em entrevista no salão do Planalto, disse que permanecerá no cargo.
O ministro disse, ainda, que a presidente demonstrou “tranquilidade e confiança” e pediu para que a equipe do Ministério do Esporte continue o trabalho.
Na coletiva, Orlando Silva afirmou que na conversa com Dilma Rousseff “desmascarou as mentiras” contra ele e esclareceu os fatos.
Ao final da entrevista, o comunista recebeu um abraço do assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Itapecuru: escola funciona embaixo de mangueira


Essa é a educação que o presidente da Famem, Júnior Marreca (PR), oferece para as crianças de Itapecuru

Blog do Décio Sá

O blog mexeu num verdadeiro vespeiro quando se fala em educação no Maranhão. Denunciou em post abaixo a tapera que funciona como escola municipal em Barra do Corda e agora estão pipocando fatos parecidos.
Em Itapecuru, administrada por Júnior Marreca (PR), A Escola Municpal São Benedito funciona embaixo de uma mangueira.
Júnior Marreca é o presidente da Famem, entidade que congrega os prefeitos do Maranhão. Deveria ser o primeiro a dar exemplo. Deveria, diga-se bem.
Uma equipe do Itapecuru Notícias esteve na escola, localizada no Povoado Mangal do Ipiranga, e o que encontrou naquela humilde comunidade foi estarrecedor. Em pleno Século XXI ainda existe escola funcionando ao ar livre.
Há dois anos o prefeito de Caxias, Humberto Cotuinho (PDT), foi denunciado em vários telejornais da Rede Globo por conta de um problema parecido.
No povoado de Itapecuru, o estudante Carlos Benedito, um garoto de 12 anos e portador de necessidades especiais, assistia atentamente a aula da professora.
Ele entregou uma carta à reportagem denunciando já ter estudado em galinheiro, salão de festa, igreja e agora debaixo de uma mangueira.
Que vergonha Júnior Marreca!

MORTE DE KADAFI ELIMINA FATOR QUE UNIFICAVA REBELDES


A Líbia amanhece hoje com um problema a menos e também com outro que não tinha antes. E agora? Ninguém pode perder a lucidez a ponto de pensar que a democracia é o próximo passo. Isso é impossível em um país sem a mínima cultura democrática e onde todos os protagonistas da revolta estão armados. Os antagonismos entre os membros do Conselho Nacional de Transição são profundos. A morte de Kadafi tira o único motivo que unificava os “rebeldes”.

Eduardo Febbro – Correspondente da Carta Maior em Paris

A OTAN e seus aliados terrestres, os rebeldes líbios, terminaram oferecendo ao mundo a cabeça do coronel Kadafi, em tela grande, alta definição, com muito sangue e algazarra para que as imagens imponham o consenso com sua veloz frivolidade.

42 anos de um reinado megalomaníaco, cínico e ditatorial, marcados por dois períodos contraditórios, terminaram graças ao furacão desatado pelo desejo de liberdade surgido no Mediterrâneo e já conhecido como a Primavera Árabe.

Nesta aspiração à democracia e à liberdade, a Líbia é uma exceção: na Tunísia e no Egito, as armas estavam de um lado e o povo do outro. Ben Ali, na Tunísia, e Mubarak, no Egito, foram apeados do poder por uma revolução de massa, espontânea e irrenunciável que lançou ao mar dois déspotas apoiados pelo Ocidente.

O fim de Kadafi começou em fevereiro com uma revolta popular semelhante e se fechou com as armas com as quais o Ocidente respaldou a sempre obscura rebelião líbia.

Na Líbia, as armas estavam dos dois lados e pesaram no desenlace final tanto como pesou o cinismo de Kadafi e o do Ocidente na manutenção de um regime delirante e opressor.

Houve uma época em que Kadafi era o inimigo número um do “mundo civilizado” porque apoiava o terrorismo, e houve outra época em que o coronel firmou contratos milionários para a exploração de petróleo, recebeu boas notas do FMI e passou a ser um aliado obediente do Ocidente na luta contra o terrorismo.

Lavou seu passado com petróleo e os emissários de Londres, Roma, Berlim, Moscou, Paris, Washington ou Madri o reintegraram ao círculo das nações decentes. O petróleo tudo pode, inclusive comprar à vista os valores com os quais Europa e os Estados Unidos constroem sua legitimidade.

Um terceiro ditador saiu do mapa. A Líbia amanhece hoje com um problema a menos e também com outro que não tinha antes. E agora? Ninguém pode perder a lucidez a ponto de pensar que a democracia é o próximo passo.

Isso é impossível em um país sem a mínima cultura democrática e onde todos os protagonistas da revolta estão armados. Os antagonismos entre os membros do CNT (Conselho Nacional de Transição) são muito profundos.

Além disso, a guerra não propiciou a emergência de um líder forte e os riscos de uma divisão do país são ainda mais fortes uma vez que já estavam presentes antes da guerra.

Há, de fato, duas entidades geográficas bem definidas: toda a região de Trípoli, a Tripolitana, são terras kadafistas muito arraigadas, enquanto que o Leste, Cirenaica, é um mundo aparte, cuja capital, Benghazi, foi o epicentro da rebelião, a primeira a cair e a primeira sede do CNT.

O mais complicado vem agora. A morte de Kadafi tira o único motivo pelo qual os rebeldes podiam ter uma causa comum.

Berberes das montanhas, islamistas moderados do Leste, salafistas exaltados, profissionais e intelectuais que romperam o exílio, estudantes partidários de Kadafi – eles existem e são muitos -, habitantes de Misrata que combateram quase sem ajuda do céu – a OTAN – as hordas kadafistas: os atores são muitos, todos querem uma parte do butim, todos pagaram um alto tributo na guerra e não há nada nem ninguém que os unifique.

A Anistia Internacional já denunciou oportunamente as execuções e violações de todo tipo perpetradas pelos rebeldes. A Líbia é um país ferido e dividido, com um ente como o Conselho Nacional de Transição que mostrou incapaz até agora de pactuar a formação de um governo.

O panorama é tão sui generis que o primeiro ministro Mahmud Yibril já adiantou que renunciaria ao cargo uma vez que a Líbia “fosse liberada”. Como no Iraque e no Afeganistão, o Ocidente preparou a guerra, mas não modelou a paz. Bagdá e Kabul seguem sendo um teatro sangrento.

A OTAN pode terminar sua missão “de proteção dos civis”, segundo mandato que lhe deu a ONU, mas, na verdade, a Aliança o utilizou para acabar com o regime. Quem poderá acreditar que tanta gente em armas aceitará amanhã que uma maioria surgida das urnas imponha sua vontade?

O Ocidente continuará jogando suas cartas. Os negócios no horizonte são monumentais: petróleo, infraestruturas, telecomunicações etc. etc. Talvez as potências apostem naqueles que possam garantir os melhores contratos, os respaldem com novas armas e se imponham assim, pela força, o nascimento de uma nova Líbia, sob a bota do vencedor. O “guia supremo” foi suprimido.

Na Líbia não há sistema político, nem sindicatos, nem sequer uma Constituição. Há, sim, uma consistente quantidade de armas. Muitas das quais o Ocidente vendeu a Kadafi, mas as entregou para a oposição. O futuro parece traçado. A menos que ocorra um milagre, a guerra continuará.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18763