Rádio Boa Nova
O assunto sobre transtorno bipolar chama a atenção para os perigos da ausência de tratamento do transtorno que algumas vezes acontece por falta de conhecimento, acesso ao sistema de saúde.
Segundo a pesquisa publicada no “Archives of General Psyciatry”, foram avaliadas 60 mil pessoas avaliadas em 11 países, dentre eles Brasil, EUA e China e 2,4% apresentavam o transtorno bipolar e mais da metade dos bipolares não recebe tratamento.
O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações de humor entre euforia (ou mania) e depressão. Pode causar irritabilidade, agressividade e ideias suicidas. Segundo a psiquiatra Laura Helena de Andrade, coordenadora de epidemiologia do Instituto de Psiquiatria da USP e responsável pela coleta de dados para a pesquisa na Grande São Paulo, “é muito mais comum a pessoa só ir buscar tratar a depressão, porque ela incomoda mais. Mas, se o médico ministrar antidepressivos, pode desencadear episódios de mania, com aumento da irritabilidade”, afirma Dra. Laura Helena.
O psiquiatra Eduardo Tischer, da Unifesp, acrescenta: “A doença é crônica, e leva meses para que o paciente consiga se restabelecer. Enquanto isso, ele sofre prejuízos no trabalho e suas relações familiares pioram”. O não tratamento só piora os sintomas. “A pessoa tem mais chances de recorrer a drogas, álcool e de cometer suicídio”, afirma Tischer
A pesquisa revela ainda que o transtorno bipolar tem impacto maior do que cada um dos tipos de câncer e mais até que Alzheimer. Bipolares sofrem por mais anos com os prejuízos do transtorno, em comparação aos outros doentes.
É imprescindível estar atento as alterações às alterações de humor e buscar auxílio de profissionais competentes, sem deixar jamais da prática de “Orar e Vigiar”.
Acompanhe trecho extraído do livro “Em Busca da Verdade” de Divaldo Franco, em que Joanna de Ângelis faz uma explanação a respeito da bipolaridade.
Estrutura Bipolar do Ser Humano
O objetivo essencial da existência humana, do ponto de vista psicológico, na visão Junguiana, é facultar ao indivíduo a aquisição da sua totalidade, o estado numinoso, que lhe faculta o perfeito equilíbrio dos polos opostos.
Jung havia estabelecido que o ser humano é possuidor de uma estrutura bipolar , agindo entre esses dois diferentes estados da sua constituição psicológica, qual ocorre com os arquétipos anima e animus.
Toda vez que lhe ocorre uma aspiração, o polo oposto insurge-se , levando –o ao outro lado da questão.
Qualquer comportamento de natureza unilateral logo desencadeia uma reação interna , inconsciente , em total oposição àquele interesse.
Quando o indivíduo se exalta em qualquer forma de personalismo está mascarando a outra natureza que também lhe é inerente.
Se se atribui virtudes relevantes, eles são defluentes de fantasias internas do que gostaria de ser, sem que o haja conseguido.
Um eu opõe-se ao outro eu em intérmina luta interior. Um é consciente , vigilante; o outro é inconsciente , adormecido, que desperta acionado pelo seu oposto. Um se encontra na razão ; o outro, no sentimento ou vice-versa. A não vigilãncia e não saudável administração desse opositor se apresenta como desvario , que impede o raciocínio lúdico, a presença da razão.
Esse ser duplo é constituido, ora como resultado do conhecimento adquirido, de ex periência vivenciada, enquanto o outro é de total desconhecimento , permanecendo oculto sempre à espreita.
O nobre Jung utiliza-se de imagem carregada de lógica moderna , quando esclarece: – o ser humano vive como alguém cuja mão não sabe o que a outra faz , o que induz à recordação do pensamento de Jesus, quando se refere à excelsa ação da caridade: dai com a mâo direita , sem que a esquerda o saiba.
Conhecia Jesus as duas polaridades psicológicas do ser humano e , por isso, incitava-o a amar tão profundamente que o seu gesto de afeição sublime e consciente estivesse em plena concordância com os seus arquivos inconscientes.
Stevenson, o inspirado poeta inglês , bem traduziu esses dois polos na sua obra genial “o médico e o monstro” , quando o Dr. Jekil era vítima do Sr. Hide que coabitava com ele no seu mundo interior , expressando toda a inferioridade que o médico buscava superar no seu ministério sacerdotal.
Na tradição religiosa, expressam-se como o bem e o mal, ou o anjo e o demônio , continuando na feição sociológica em conceituação do certo e do errado, da treva e da luz. do belo e do feio.
Essa dicotomia psicológica permanece no ser humano em desenvolvimento emocional e espiritual.
O esforço terapêutico a desenvolver , deve ser todo voltado para a integração do outro polo, o oposto , naquele que está consciente e é relevante produtivo, saudável, caminho seguro para a completude.
O esforço consciente do indivíduo para autopenetrar-se, autoconhecer-se , como resultado das tensões dos polos ativados pelo interesse da integração , induz o indivíduo a um comportamento gentil, afável , compreensível das dificuldades e limitações do seu próximo.
Enquanto , porém, permanece essa dissociação , essa fragmentação, esse desconhecimento da consciência , invariavelmente se tomba na cisão da personalidade, da qual inrompem os transtornos neuróticos que atormentam , aumentando a distância entre os atos conscientes e inconscientes.
Jung sugere os símbolos como representação dos conflitos que se estabelecem nas oposições dos mesmos, encarregados de os unir e formar uma realidade , como se observa na cruz , cujos braços tem o seu ponto de segurança no centro em que se encontra a haste vertical com a horizontal, representando a segurança , a unidade daqueles contrários…
Nesse sentido , o emérito mestre suíço recorre ao comportamento do cristão na sua rendição à Divindade, sem esfacelar-se nela , mas tornando-se um eleito, capaz de conduzir o próprio fardo a própria cruz.
Pessoas inexperientes quando se dão conta dos opostos no seu mundo interior , afligem-se desnecessariamente , formulando conceitos indevidos e punitivos , como se as manifestações do inconsciente signifiquem inferioridade , promiscuidade , dando origem a culpas injustificáveis pelo fato de existirem.
Supõem, precipitadamente, que podem forçar a mudança, tornando-se puras , embora os conflitos , culminando em descobrimentos dolorosos de existências vazias.
Esse s conflitos não devem ser combatidos como inimigos num campo de batalha, mas atendidos, orientados, esclarecidos, libertando-se deles pela sua conscientização, de forma que a autoconsciência experimente bem-estar pela conquista realizada interiormente.
É comum a ocorrência de pensamentos infelizes no momento da oração, da meditação, o que não é habitual noutras ocasiões gerando inquietação e mal-estar.
Ocorre que, estando arquivados no inconsciente , quando esse é ativado pelo polo edificante, logo o outro descerra a sua cortina e libera o adversário.
A atitude a tomar com tranquilidade consiste em permanecer não reativo, insistindo no propósito ora em vivência até a unificação dos oponentes.
A fragmentação leva ao desfalecimento, à perda do entusiasmo.
Um eu em luta contra o outro eu deteriora o sentimento ou aturde a razão.