Duas décadas depois do impeachment de Fernando Collor, em dezembro de 1992, a ex-primeira-dama Rosane Collor pretende lançar ainda este ano uma biografia para mostrar a sua versão de alguns dos acontecimentos mais surpreendentes da história recente do país, como informou a reportagem de Eliane Trindade neste domingo.
Crente fervorosa, a companheira do ex-presidente por 22 anos diz que a proteção divina a livrou também da maldição do impeachment, que vitimou Pedro Collor e PC Farias, entre outros.
Em tempos de CPI de Carlinhos Cachoeira, que tem entre seus membros o hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), a ex-primeira-dama, que se orgulha da lealdade no momento da queda, é crítica quanto à recente proximidade do ex-marido com inimigos históricos. “Política é exatamente isto. É Lula junto com Collor. É Collor junto com Renan Calheiros.”
Ela não descarta a possibilidade de voltar a Brasília como deputada federal. Filiada ao Partido Verde, já teve propostas para se candidatar. “Tá uma coisa de ‘stand by’. Já pensou? Fernando no Senado e eu, como federal? Seria uma boa ideia.”
PENSÃO ALIMENTÍCIA
A ação de pensão alimentícia movida por Rosane Collor contra o ex-marido deverá ser julgada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) ainda este ano.
O processo litigioso de divórcio, que se arrastou de 2005 a 2010 na Justiça alagoana, caminha para um desfecho, depois de ficar quatro anos no limbo à espera de o réu Fernando Collor ser citado.
O STJ vai apreciar agora um recurso do ex-presidente que contesta a decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas a favor de Rosane.
O tribunal garantiu a ela o recebimento de uma pensão de cerca de R$ 15 mil mensais e também “alimentos compensatórios”. Ou seja, ela teria direito a receber, a título de compensação, dois carros e dois apartamentos no valor histórico de R$ 900 mil.
“O TJ de Alagoas analisou com muita seriedade e competência a questão e a decisão que prevaleceu reflete o que há de mais moderno em termos de direito de família”, afirma Paulo Brincas, advogado de Rosane.
Casada em regime de separação total de bens, Rosane não teve direito a nenhum dos bens do patrimônio do ex-presidente. “Não é justo passar pelas humilhações que passei junto ele e, no final, não ter nem uma casa onde morar”, diz Rosane.
Ela também espera receber R$ 250 mil em pensões em atraso. Procurados pela Folha, Collor e seus advogados não quiseram falar sobre o processo que corre em segredo de justiça.