Por Stella Gonçalves, G1 MA – São Luís
Do profundo luto ao encontro de uma nova paixão. Após perder dois de seus quatro filhos, no intervalo de 11 meses, a maranhense Conceição de Maria passou por momentos difíceis para vencer a depressão, e o amparo veio de onde ela menos esperava: no auge dos 69 anos de idade, a faculdade de gastronomia ajudou a aposentada nessa jornada de superação.
“A minha vida teve uma transformação dos 50 anos para cá, eu tive quatro filhos e em 2002, eu perdi um filho com câncer e em novembro de 2003, eu perdi minha filha mais velha devido a meningite. A minha vida não foi mais a mesma, entrei em depressão e adquiri asma”, relata Conceição de Maria ao G1.
Após cinco anos, ela descobriu que as doenças eram consequências do emocional abalado por um período de luto pela perda dos seus filhos.
Em 2018, ao acompanhar o seu filho mais novo até a faculdade para ele fazer a inscrição na sua segunda graduação, a idosa recebeu um convite dos professores para assistir uma aula de gastronomia sem compromisso, mas, sem que ela soubesse, seu filho a inscreveu no vestibular.
“Eu fui fazer o vestibular, já pensando que não daria certo, mas fiz e passei. A faculdade me ligou pedindo para eu fazer minha inscrição no curso e desde a primeira vez que entrei na sala de aula, senti que ali seria a minha verdadeira terapia”, conta a aposentada.
Natural de Pio XII, interior do Maranhão, desde jovem precisou vencer os obstáculos para conseguir estudar. Saiu da sua cidade natal, para morar com uma tia, e assim, concluir o ensino médio. Quando mais nova, começou a trabalhar como professora do estado e após 27 anos de dedicação, se aposentou.
Foi na gastronomia que Conceição de Maria encontrou sua paixão, mesmo no começo achando que possuía idade avançada para entrar na faculdade. Mas foi através do estímulo da família, dos professores e dos colegas de classe, que a idosa conseguiu conquistar um diploma universitário.
“Hoje chegando aos meus 70 anos, só tenho a agradecer por tudo o que tem acontecido na minha vida, as coisas ruins e boas. Agradeço o apoio da minha família, se não fosse por eles, talvez eu não estivesse hoje aqui”, desabafa.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, as aulas que eram presenciais, precisaram se adequar na modalidade a distância. No começo, a aposentada teve dificuldade, mas com a ajuda e incentivo dos filhos, ela conseguiu se adaptar.
Após dois anos de dedicação, a cerimônia foi realizada virtualmente no início de setembro ao lado dos familiares.