Por Fernando Brito – TIJOLAÇO
Um país, como uma pessoa, uma empresa ou uma instituição, depende de sua imagem.
E o que está sendo feito com o nosso é, todos os dias, é cobri-la de lama.
A de terra e minério, como a de Brumadinho, mas também outra, igualmente tóxica: a lama moral.
Algumas provocam risadas de deboche, mundo afora. Aos holandeses, apontados como masturbadores de bebês por uma ministra (é, ministra).
Outras, espanto, como as imitações de Trump protagonizadas pelo atual presidente.
Na tarde/noite de ontem e na manhã de hoje, o que se está provocando é nojo profundo por uma país onde as instituições policiais e judiciais tornaram-se meras operadores da perseguição a um ser humano que, por mais de uma década, o mundo admirou e nos fez aparecer com brilho no cenário mundial.
É como se os poderes deste país estivessem se insurgindo contra quem ousou não aceitar nossa condenação eterna a sermos uma terra própria apenas para exotismos, aventuras e enriquecimento predatório, boa somente para ser esburacada como em Brumadinho.
Como se estivessem dispostos a tudo para manter o Brasil livre de qualquer pretensão de ser, de fato, um país e não uma ilha de privilegiados cercada por pobres de todos os lados.
Pobres, como se sabe, são va-ga-bun-dos, para usar o bordão do humorista Marcelo Adnet, inúteis, caros (basta vez a despesa que dão com previdência e salário mínimo, estes inimigos das contas públicas) e bandidos.
O tratamento dado ao direito de Lula de ver sepultar-se eu irmão é mais um balde de lama que se despeja sobre o Brasil, aos olhos do mundo. Mais uma prova da capacidade que temos de nos humilharmos, de nos mostrarmos selvagens e abjetos.