PF desarticula quadrilha suspeita de aplicar golpes contra aposentados

Sete pessoas foram presas em quatro cidades; duas estavam em Brasília. 

Suspeitos alegavam ser até desembargadores para cobrar vítimas, diz PF.

Do G1 DF

A Polícia Federal desarticulou nesta terça-feira (22) uma quadrilha suspeita de aplicar golpes contra servidores públicos federais aposentados.  Até a publicação desta reportagem, a operação Bloqueio havia prendido sete pessoas, duas em Brasília, uma em Belo Horizonte, duas em Parauapebas (PA) e duas em São Luís (MA).

A maioria das vítimas é do Rio de Janeiro, conta a delegada Fernanda Costa de Oliveira. Além dos sete mandados de prisão temporária, a Justiça também concedeu três mandados de busca e apreensão, todos no DF.

Segundo a assessoria da Polícia Federal no DF, os suspeitos se apresentavam como funcionários do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), desembargadores, juízes, procuradores e advogados para solicitar depósitos de valores que corresponderiam a custas judiciais ou honorários advocatícios relacionados a processos que beneficiariam as vítimas.

A investigação da Polícia Federal foi iniciada há cerca de um ano e meio por meio de uma requisição do Conselho Nacional de Justiça, que recebeu mais de cem denúncias envolvendo os golpistas.  O conselheiro e ouvidor do Conselho Nacional de Justiça, Wellington Saraiva, disse ao G1 que a ouvidoria foi procurada por 116 pessoas que relataram ter recebido dois tipos de propostas dos golpistas.

Segundo o conselheiro, uma das propostas era para a pessoa pagar um valor para acelerar os processos. Na outra, quando o cidadão tinha um valor a receber em um processo, o golpista oferecia uma proposta para fazer o fechamento do acordo.

Ainda conforme a PF, para realizar a fraude o grupo tinha dados pessoais das vítimas, como RG, CPF, telefone e endereço. “Muitas das vítimas nem tinham causa na Justiça, mas os golpistas apresentavam dados qualitativos que faziam com que elas pensassem que os processos eram verdadeiros”, explica a delegada responsável pelo caso.

Os depósitos solicitados variavam de R$ 50 mil a R$ 100 mil. Em um dos casos, conta Fernanda Costa de Oliveira, um servidor aposentado de 91 anos pagou R$ 98 mil à quadrilha.

A Polícia Federal investiga agora como os estelionatários tiveram acesso aos dados das vítimas. Ainda não se sabe se houve apoio de algum servidor público ou se as informações foram roubadas por um hacker, por exemplo.

A orientação do ouvidor do CNJ é que nenhuma pessoa aceite efetuar pagamento para uma pessoa que se identifique como juiz ou servidor do judiciário. O conselheiro disse que a expectativa do conselho é que os golpistas presos nesta terça sejam processados e condenados.

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