Fugitivos de Mossoró viajaram de barco do Ceará ao Pará e tiveram ajuda de dupla presa em Fortaleza

Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará monitorou os fugitivos, que foram encontrados em Marabá (PA). A Polícia suspeita que eles pretendiam chegar à Bolívia

Os dois fugitivos foram recapturados no Pará Foto: Divulgação/Polícia Federal

Por Messias Borges

Diário do Nordeste – Os fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, presos nesta quinta-feira (4) no Estado do Pará, estiveram no Ceará e contaram com a ajuda de dois homens que foram detidos em Fortaleza. As buscas duraram 51 dias.

Conforme informações de uma fonte da Polícia Federal (PF), a dupla furou o bloqueio policial na região de Mossoró e conseguiu chegar ao município cearense de Icapuí, no dia 18 de março deste ano. De lá, ‘Tatu’ e ‘Martelo’ (como são apelidados os presos) entraram em um barco com destino a Belém, no Pará.

A viagem pelo mar durou cerca de seis dias. A inteligência da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará (Ficco-CE) monitorou a fuga. Em seguida, os fugitivos foram de carro da capital paraense até o município de Marabá, onde eles terminaram abordados e presos pela PF e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no início da tarde desta quinta (4).

Rogério Mendonça foi o primeiro a ser encontrado, dentro de um carro. Depois, os policiais chegaram a mais dois veículos – e Deibson Nascimento estava em um deles. Outras quatro pessoas, que auxiliavam a fuga, também foram presas. Um fuzil foi apontado para as autoridades, mas não foi disparado.

A Inteligência da Polícia acredita que o grupo pretendia cruzar a Região Norte do Brasil e chegar à Bolívia.

Rede de apoio no Ceará

Dois suspeitos de integrar a mesma facção carioca de Deibson e Rogério foram presos em Fortaleza, por criarem uma rede de apoio à fuga da dupla no Ceará. Eles são naturais do Rio Grande do Norte, mas residiam e tinham atuação criminosa em território cearense.

Nícolas Rodrigues Alves, conhecido como ‘Homem de Pedra’ ou ‘Deputado’, foi detido pela Ficco em Fortaleza, no dia 8 de março deste ano. Ele chefiava a facção no Município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Já João Victor Xavier da Cunha foi capturado pela Ficco em uma pousada na Praia do Futuro, em Fortaleza, na última segunda-feira (1º). Ele era comparsa de ‘Deputado’ e teria assumido a frente da operação de fuga, após a prisão do chefe.

A prisão de João Victor foi a oitava relacionada às investigações contra os fugitivos do presídio de Mossoró, antes da dupla ser recapturada. Entre os outros presos, está um homem detido no Rio Grande do Norte que pegou um carro no Ceará e passou para o Estado vizinho.

Além dos dois mandados de prisão preventiva cumpridos em Fortaleza, as autoridades também cumpriram mandados de busca e apreensão no Ceará, relacionados à investigação da primeira fuga da história do Sistema Penitenciário Federal de Segurança Máxima.

A Polícia Federal realizou buscas, com ordens judiciais, em imóveis localizados em Aquiraz e em Quixeré, no Ceará, contra suspeitos de participar da rede de apoio aos fugitivos. Materiais foram apreendidos, para colaborar com a investigação. Uma pessoa acabou presa em flagrante, por posse de drogas, em Aquiraz.

“Essa facção tem tentáculos aqui (no Ceará) e lá (no Rio Grande do Norte). Existem células na região de divisas, inclusive em Aracati. E Mossoró fica ao lado. Basta um celular para eles ligarem para alguém e colocarem uma logística em prática. A rede de apoio entra em cena, aparece um recurso para um esconderijo, suprimentos. Os fugitivos não conseguiram sair da área porque não conseguiram furar o bloqueio policial. Seria muita ousadia correr um risco tão alto”, analisou uma fonte da Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), em entrevista ao Diário do Nordeste.

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