Objetivo é estimular a produção de alimentos essenciais, com R$ 77,7 milhões entre crédito rural com juros baixos e incentivos à aquisição de maquinário e garantia de preço mínimo
Um plano para dar vazão à produção de milho do goiano Jamil Corinto no interior do estado. Uma iniciativa para permitir o retorno à lavoura de trabalhadores da associação de Josete Mendes, na Bahia, que deixaram a zona rural em função da falta de crédito. Um incentivo à produção de mel, cana e frutas do mineiro Pedro Almério.
Um dia depois de apresentar o maior Plano Safra da história para o agronegócio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira, 28/6, o maior Plano Safra da Agricultura Familiar já registrado. São R$ 77,7 bilhões levando em conta o valor previsto para crédito rural (R$ 71,6 bilhões) e outras ações para o setor. Entre as novidades, juros mais baixos para produção de alimentos, aquisição de máquinas, assistência técnica e garantia de preços mínimos para produtos da sociobiodiversidade.
De acordo com Lula, os agricultores familiares e movimentos sociais que atuam na produção agrícola são parceiros essenciais para enfrentar a desigualdade e a insegurança alimentar. O retorno deles ao Palácio do Planalto, avalia o presidente, marca a retomada de valores democráticos e da atenção às reivindicações da categoria.
“Precisamos acabar com a desigualdade, porque tem uma pequena parte que pode tudo e uma grande parte que não pode nada. Queremos que a vida de vocês melhore, que a qualidade dos produtos aumente e que vocês não tenham prejuízos na safra. Não foi o Lula que voltou, não foi o Brasil que voltou, foram vocês que voltaram”, disse o presidente, que quebrou o protocolo do evento, desceu a rampa do Palácio do Planalto e visitou barracas de produtores da agricultura familiar que foram montadas na frente da sede do Executivo.
Entre as muitas ações anunciadas está a ampliação do microcrédito rural para agricultores familiares de baixa renda e a criação de linhas específicas e melhores condições de acesso para mulheres, jovens e Povos e Comunidades Tradicionais, além de medidas que vão impulsionar a produção de alimentos saudáveis e melhorar a qualidade de vida de quem vive no campo (confira a lista completa).
“Queremos que o Plano Safra da Agricultura Familiar que lançamos hoje se espalhe por todo o Brasil. E estamos retomando iniciativas e incentivos que nunca deveriam ter acabado em nosso país. Estamos mais calejados, preparados e com muito mais obrigações com a sociedade brasileira”, destacou o presidente Lula.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, explicou que a grande marca do plano é a inclusão social. “A luta contra a fome é de responsabilidade de todos. Vamos juntos superar os desafios, que são enormes, do tamanho do Brasil, mas não maiores do que a nossa disposição, a nossa união e o amor pela nossa gente. Se o campo não roça, a cidade não almoça, se o campo não planta, a cidade não janta”, disse.
PARCERIA – Na comunidade de Conquista, em Barreiras (BA), Josete Mendes de Jesus, 36 anos, trabalha na assistência de promoção à saúde e educação na Associação de Pequenos Produtores Rurais. Desde jovem acompanha de perto os produtores trabalhando com alimentos nativos da região, como mandioca, milho e extração de frutas para produção de geleias e licores.
Na opinião dela, o crédito para a agricultura familiar é um alívio para o campo. “Sem essa ajuda do governo não é possível nossa comunidade continuar com o trabalho. Diante das dificuldades dos últimos anos, tivemos uma migração grande de produtores, principalmente filhos e netos, para o trabalho urbano. Agora, com esse incentivo, temos a esperança de que eles voltem ao campo e continuem o legado da família”, relatou.
Se depender do produtor de milho e adubo verde Jamil Corinto, de 52 anos, as parcerias com o Governo Federal vão se estender e alcançar novos patamares. Morador do distrito goiano de Santo Antônio do Rio Verde, em Catalão, parte das três toneladas de alimento que ele produz vai para escolas municipais e estaduais de Goiás. As sementes são encaminhadas para ONGS ambientais e para a Companhia Nacional de Abastecimento. “O incentivo do governo para nós é tudo”, relatou.
Para Pedro Almério Pereira, 45, que tem uma pequena propriedade rural em Natalândia, Minas Gerais, a agricultura familiar é a oportunidade de ajudar cerca de 50 pessoas na comunidade. “Eu trabalho com mel, cana e algumas árvores frutíferas, como manga, umbu-cajá e cajá manga. O novo plano vai ajudar demais porque o que a propriedade fornece, sozinha, sem incentivos, não dá para o sustento da própria família, o que dirá para as famílias vizinhas”, explicou o agricultor.
Fonte: Secom/PR