Pelé é Eterno: morre Edson Arantes do Nascimento

O brasileiro mais conhecido de todos em todo o mundo nos deixou; reveja aqui a trajetória do Rei do Futebol

Pelé comemora gol na Copa de 70. Créditos: FIFA

Por Julinho Bittencourt

Revista Fórum – Morreu nesta quinta-feira (29) aos 82 anos Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente como Pelé. O maior jogador de futebol de todos os tempos, eleito o atleta do século XX, sucumbiu a um câncer contra o qual vinha lutando há quase dois anos. O Rei estava internado a exatamente um mês, desde 29 de novembro, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, quando começou a apresentar um quadro de anasarca (inchaço generalizado) e insuficiência cardíaca descompensada.

Pelé, nascido na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940, é filho de João Ramos do Nascimento (também ex-jogador de futebol, conhecido como Dondinho) e Celeste Arantes do Nascimento“.

Ele ganhou o apelido com o qual passou a ser conhecido nos quatro cantos do planeta porque, ainda muito criança, gostava de jogar no gol, inspirado pelo goleiro José Lino da Conceição Faustino, o Bilé, um amigo de seu pai, que jogava no Vasco de São Lourenço (Minas Gerais).”

Na época, mal sabia falar, mas cada vez que fazia uma defesa gritava: ““Seguuura, Pilééé!”.

Por conta de uma lesão, o pai teve que parar de jogar futebol, o que deixou a família em dificuldades. Ainda muito menino, Pelé trabalhou como engraxate em Bauru no intervalo das peladas. Dona Celeste não queria que o filho virasse jogador de futebol em função da trajetória do marido.

Santos F.C.

O talento do garoto, no entanto, saltava tanto aos olhos que não teve jeito. Bem menino ainda, foi levado para o Santos F.C., no litoral de São Paulo. Aos 16 anos, Pelé começou a ser reconhecido nacionalmente. Em 1957, já era titular do Santos e foi artilheiro do Campeonato Paulista, o mais jovem até hoje, marcando 36 gols.

No alvinegro praiano atuou quase toda sua carreira, entre 1956 a 1974. Neste período, o clube conquistou dez títulos estaduais e seis campeonatos nacionais (Taça Brasil e Torneio Robertão), além de duas Copas Libertadores e dois Mundiais de Clubes, em 1962 e 1963.

Foi no Santos também que, em 1969, Pelé marcou seu milésimo gol. O feito ocorreu em uma partida contra o Vasco, no Maracanã, e foi realizado em uma cobrança de pênalti.

Parou uma guerra

A Nigéria vivia, em 1969, uma guerra civil entre dois grupos étnicos: Ibo e Hausa, a Guerra de Biafra, que durou de 1967 até 1970 e causou a morte de mais de 2 milhões de pessoas.

A equipe do Santos, esteve por lá com Pelé, a convite do governo local, para realizar um amistoso com o Benin City. Para que a equipe pudesse chegar ao Estádio Ogbe com segurança, o governo nigeriano decretou um cessar-fogo.

Nessa partida, a equipe de Pelé venceu por 2 a 1. Com a volta da equipe santista para o Brasil, a guerra continuou.

Seleção Brasileira

Pela Seleção Brasileira, Pelé disputou quatro Copas do Mundovencendo três. Em 1958, na Suécia, com apenas 17 anos, ele foi o jogador mais jovem a vencer um mundial. No Chile, em 1962, ele teve que ser substituído cor conta de uma lesão, fato que o levou a desanimar de jogar Copas do Mundo.

Apesar disso, ele voltou a atuar em 1966, na Inglaterra, quando o Brasil fez uma de suas piores participações, sendo desclassificado ainda na fase de grupos.

Em 1970, no entanto, Pelé retorna à seleção, no México, com um time quase perfeito, vence o tricampeonato e é considerado o melhor jogador da Copa.

Pelé tornou-se então o único jogador da história a ser tricampeão mundial (1958, 1962 e 1970). Ele marcou 95 gols com a camisa do Brasil e ainda é o maior artilheiro da seleção masculina. Pelé fez seu último jogo pela Seleção Brasileira em julho 1971, no Maracanã, em um amistoso contra a Iugoslávia.

Despedida do Santos

No dia 2 de outubro de 1974, na Vila Belmiro, Pelé despediu-se do Santos em uma partida contra a Ponte Preta válida pelo Campeonato Paulista. Nesse dia, Pelé ajoelhou-se no gramado, com os braços abertos e a bola à sua frente e despediu-se do time em que fez 1116 jogos e marcou 1.091 gols.

Depois disso, Pelé foi jogar no New York Cosmos. Sua passagem por lá é considerada por muitos como a invenção do futebol na terra do Tio Sam.

Ministro do Esporte

Após deixar o futebol, Pelé seguiu sua carreira como empresário, garoto-propaganda, fez filmes como ator entre outras atividades. Entre 1995 e 1998, foi Ministro do Esporte do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando criou a Lei Pelé.

A Lei Pelé decretou, entre outras coisas, o fim do passe nos clubes de futebol do Brasil e a transformação dos clubes em empresas. A lei também criou verbas para o esporte olímpico e paraolímpico e determinou a independência dos Tribunais de Justiça Desportiva.

Números, títulos e conquistas

– Mais Jovem Artilheiro do Campeonato Paulista (1957)

– Mais Jovem Campeão Mundial (1958)

– Mais Jovem Bicampeão Mundial (1962)

– Maior Artilheiro da Seleção Brasileira Masculina (95 gols)

– Maior Artilheiro do Futebol Profissional (1281 gols)

Campeonato Paulista

1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973

Torneio Rio-São Paulo

1959, 1963, 1964 e 1966

Campeonato Brasileiro (Taça Brasil e Taça de Prata)

1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968

Campeonato Norte-americano

1977

Libertadores

1962 e 1963

Mundial Interclubes

1962 e 1963

Copa do Mundo

1958, 1962 e 1970

Veja também: Composição química da taça da Copa do Mundo

Homenagens e prêmios

Bola de Ouro

1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1964 e 1970 (prêmios concedidos em 2015, após uma revisão da revista France Football)

Atleta do Século

Concedido pelo Comitê Olímpico Internacional (1999)

Concedido pela Agência Reuters, da Inglaterra (1999)

Concedido pela DuPont, da França (1996)

Concedido pelo jornal francês L’Equipe (1981)

Maior Futebolista do Século

Concedido pela Unicef, na Áustria (1999)

Título de Sir-Cavaleiro Honorário do Império Britânico

Concedido pela Rainha Elizabeth II (1997)

Estádio Rei Pelé

Maceió/AL (1970)

Medalha dos Direitos Humanos

Concedida pela organização judaica B’nai B’rith (1995)

Embaixador para a Educação, Ciência e Cultura

Concedido pela Unesco, em Paris (1994)

Membro do Hall da Fama

Concedido pela cidade de Oneonta, em New York (1993)

Embaixador da Boa Vontade

Concedido pela Unesco (1993)

Embaixador da Organização para Ecologia e Meio Ambiente

Concedido pela ONU (1992)

Ordem Nacional do Mérito

Concedida pelo Governo brasileiro (1991)

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