Por Fernando Brito, editor do TIJOLAÇO
Jair Bolsonaro, que se exibe como “valentão” vulgar é, como a maioria dos que agem assim, um covardão.
A escalada de violência verbal de Roberto Jefferson era, como sempre foi, uma ação lateral do bolsonarismo para atacar a Justiça Eleitoral e posar de defensores de uma “liberdade de expressão” que inclui chamar uma mulher de “prostituta arrombada”.
Era o kamikaze de Bolsonaro, escalado para criar uma crise.
Mas, como desequilibrado crônico que é, Jefferson usou uma overdose e isso deixou a campanha tonta.
A reação foi a pior que poderia acontecer e, embora as suas falanges nas redes sociais tenham dado um “cavalo de pau” e tentado acompanhar Bolsonaro no “eu nem tenho foto com ele”, perderam completamente o rumo e, com isso, a ofensiva que a reta final da campanha exige.
O presidente atual conseguiu, assim, perder por dois lados: o de ser identificado com a ação do terrorista e, em sentido oposto, ser visto como quem abandona seus aliados em desgraça.
O presidente segue na linha do “não tenho nada com isso”, mas a exibição do arsenal de Jefferson, o vídeo do policial que “confraterniza” com ele em lugar de prendê-lo e a reação de “tirar o corpo fora”, somadas a resultados desfavoráveis nas pesquisas (que não confirmaram sua ascensão, restando meros seis dias) deixa de novo Lula com a iniciativa e, sobretudo, com a vantagem da serenidade.
Estão desesperados atrás de um “fato ou fake” que lhes permita recuperar o papel de vítimas e ontem à noite tentaram uma manobra desesperadas indo dar queixa ao TSE de uma suposta ação das “rádios do Nordeste” (assim mesmo, sem identificação) retirando 150 mil (!!!!!) inserções de propaganda de Jair Bolsonaro, com base em documento que o TSE classificou de “suposto”, “apócrifos” e sem seriedade, dando 24 horas para provar ou responder criminalmente pela “denúncia”.
O debate na Globo passa a ser a última bala de Bolsonaro e é preciso deixar que seu uso seja tão desastroso a ele quando foi o das 7.62 para Roberto Jefferson.