O jornalista Chico Pinheiro deixou a Globo após uma união profissional de quase três décadas. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (29), dias após ele ter feita intensa cobertura no retorno do Desfile das Escolas de Samba, evento tradicional que ele era um dos apresentadores há muitos anos. Embora na nota oficial ele tenha dito que houve comum acordo com a emissora, nos bastidores fala-se de outras motivações.
Chico já estava desgastado no segundo andar do Jardim Botânico, ou seja, junto aos executivos, principalmente Ali Kamel, que não gostava dos posicionamentos oficiais do jornalista. Ele já havia, inclusive, defendido Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se manifestado contrariamente à perseguição que o petista sofria, gerando uma espécie de climão com colegas e executivos.
O tom despojado que ele demonstrava ao longo da apresentação do Bom Dia Brasil, ao contrário do que se diz, nunca foi um ponto de incômodo por parte dos chefes que, ao contrário, gostavam e consideravam que era necessário para um jornal que ia ao ar logo no início da manhã. Mas o afastamento de Chico por causa da pandemia – todos os profissionais acima de 60 anos ficaram distantes do vídeo até serem vacinados – fez com que outra impressão fosse deixada.
Nos bastidores, fontes ouvidas pelo DCM garantem que ele não foi convidado a se retirar por diferenças políticas como muitas pessoas podem pensar. Mas o próprio Chico teria procurado a cúpula do jornalismo e pedido para deixar o trabalho. Ele explicou que se sentia cansado para pilotar um jornal diário e queria alçar novos voos e, como já havia o interesse em desligá-lo, o acordo foi facilmente costurado.
Chico deixa a Globo de portas abertas, é o que dizem pessoas ouvidas pela reportagem. Ele não pensa em aposentadoria, mas sua intenção é conduzir a carreira para outro caminho, possivelmente a internet. Mas só depois de um período de descanso.