Por Ribamar Corrêa
Ao apor sua assinatura no livro de posse da Assembleia Legislativa e ser declarado novo chefe do Poder Executivo pelo presidente Othelino Neto (PCdoB), a partir da carta-renúncia do governador Flávio Dino (PSB), Carlos Brandão (PSB) deu também, na tarde de ontem, o primeiro passo, agora como governador e candidato à reeleição, à nova e decisiva fase da pré-campanha eleitoral, que vai durar até as convenções partidárias de agosto, quando será deflagrada a campanha eleitoral propriamente dita para as eleições de outubro. O ato de posse foi simples, seguiu o ritual e as formalidades regimentais, e teve como resultado político a declaração do novo governador de que governará respeitando a autonomia dos Poderes e a harmonia entre eles, promessa feita também pelo presidente do parlamento, com a discreta concordância do presidente do Poder Judiciário, desembargador Lourival Serejo, presente no ato. Logo em seguida, a transmissão do cargo e a entrega da faixa pelo antecessor Flávio Dino (PSB), no Palácio dos Leões, consumaram o processo de transição. No campo político, Carlos Brandão ascendeu ao comando do Governo embalado pelo apoio de cerca de 30 dos 42 deputados estaduais, e por duas pesquisas (Escutec e DataM), nas quais aparece tecnicamente empatado com seu principal adversário, o senador Weverton Rocha (PDT), e uma boa folga em relação aos demais pré-candidatos.
Carlos Brandão inicia seu novo momento como o único pré-candidato ao Palácio dos Leões que está com a situação partidária e política resolvida, sem qualquer pendência. Ele está filiado a um partido sólido e muito bem situado na política maranhense, tendo na sua chapa como pré-candidato a vice Felipe Camarão, um dos mais atuantes homens públicos da nova geração, e como pré-candidato ao Senado o ex-governador Flávio Dino (PSB), de longe o político maranhense mais destacado da atualidade, seu avalista. Além disso, juntamente com seu partido, Carlos Brandão está engajado no movimento cujo objetivo maior é levar Lula da Silva (PT) de volta ao comando da República, agora tendo como candidato a vice o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). Conta com mais de uma dezena de partidos, metade dos deputados federais, mais de dois terços da Assembleia Legislativa, a maioria dos prefeitos e grande número de vereadores.
Seus concorrentes estão muito distantes dessa condição. O senador Weverton Rocha (PDT) não tem ainda uma aliança partidária consolidada, não faz ideia de quem escolherá como companheiro de chapa, e vive o drama quase shakespeareano de “lançar ou não lançar” um candidato a senador, além de ter perdido muitos aliados nos últimos dias, sendo o mais destacado deles o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, que desistiu de migrar do PCdoB para o PDT e decidiu não mais apoiá-lo. O ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD) faz uma pré-campanha tímida, também sem sequer cogitar ainda quem será seu candidato a vice, e mantendo a decisão de não lançar candidato a senador. O agora ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Agir36), também não tem ideia de como será sua chapa. O senador Roberto Rocha (PTB) ainda está tentando sair de um pantanoso caso partidário, enquanto Josimar de Maranhãozinho praticamente silenciou a respeito da pré-candidatura a governador. Simplício Araújo (SD) segue solitário, alimentando sua inteligente campanha para a Câmara Federal, ao tempo em que Enilton Rodrigues (PSOL) e Hertz Dias (PSTU) já sabem quem serão seus companheiros de chapa.
Político tarimbado, que conhece as entranhas e as manhas do mundo político maranhense, Carlos Brandão sabe exatamente como se movimentar nesse cenário, separando ao máximo o governador do candidato à reeleição. Sua convivência de 2.645 dias com o governador Flávio Dino, somada aos quase três anos como chefe da Casa Civil do Governo de José Reinaldo Tavares, lhe deu o conhecimento e a tarimba necessários, principalmente em matéria de articulação. A maneira discreta, mas eficiente, com que construiu a base política da sua pré-candidatura, é um demonstrativo da sua capacitação política. Não terá, portanto, maiores dificuldades para administrar e até mesmo aumentar seu cacife político para um bom desempenho nas urnas.
Experimentado também em matéria eleitoral, o agora governador e candidato à reeleição sabe que há muito jogo pela frente, que a campanha será dura e que, na condição em que se encontra, será o grande alvo dos concorrentes. Deve, portanto, estar preparado para o enfrentamento, com a vantagem de que poderá ditar o ritmo da corrida às urnas.