Percentual de famílias endividadas e inadimplentes no Brasil é o mais alto em 12 anos

Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: Cecília Bastos/USP Imagens | Reuters | Clauber Cleber Caetano/PR)

Brasil 247 – A situação das famílias brasileiras é desesperadora: tanto o percentual de famílias endividadas quanto o de inadimplentes vêm batendo recordes desde o ano passado e estão em seu maior patamar em 12 anos. A tendência é que a inadimplência suba ainda mais em 2022 por causa do aumento dos juros e do fim de medidas emergenciais criadas na pandemia para ajudar os endividados, segundo economistas ouvidos pela BBC Brasil.

A guerra na Ucrânia deve agravar esse cenário, ao provocar aumento da inflação, o que reduz a renda familiar disponível para honrar compromissos financeiros. Ao fim de fevereiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que o governo estuda liberar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para ajudar as famílias endividadas, mas não deu uma data.

O nível de endividamento médio das famílias brasileiras ao longo de 2021 chegou a 70,9%, o maior valor até então, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O patamar foi de 76,3% em dezembro, um recorde histórico. Em fevereiro deste ano, o recorde foi novamente quebrado: 76,6%.

“O endividamento foi acelerando ao longo do ano passado”, disse Izis Ferreira, economista da CNC, que acrescentou: “Nunca tínhamos tido na série histórica, que começa em 2010, um ano em que o endividamento cresceu tão rápido”

Ela destacou à BBC que, na alta de 10% da inflação em 2021, pesaram muito itens que têm forte impacto na renda das famílias, como gasolina (com alta de preço de 47%), energia elétrica (21%), alimentos (8%) e medicamentos (6%).

Enquanto isso, a renda domiciliar dos brasileiros caiu 10,7% no quarto trimestre de 2021 na comparação anual, o menor patamar da série histórica, iniciada em 2012: “Isso fez com que essas famílias precisassem usar mais o cartão de crédito, cheque especial e recorrer aos carnês de loja para manterem seu nível de consumo”.

A economista da CNC observa que, ao longo de 2021, apesar do avanço do endividamento, a inadimplência se manteve baixa na maior parte do ano, e a média anual ficou em 25,2%. Mas a taxa começou a crescer a partir de outubro. Naquele mês, 25,6% das famílias tinham contas em atraso. Eram 27% em fevereiro deste ano, maior patamar da série histórica da CNC, que começou em 2010.

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