Roseana Sarney quer ser deputada federal, mas MDB quer mantê-la por enquanto como pré-candidata aos Leões

Roseana Sarney: pré-candidata à Câmara federal, mas ainda dependendo do MDB

Ribamar Corrêa/Repórter Tempo

A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) confirmou, em live realizada nesta semana, que por sua vontade será candidata a uma cadeira na Câmara Federal nas eleições do ano que vem. Ao longo da conversa, ela descartou enfaticamente a hipótese de concorrer à vaga no Senado. Mas quando o assunto foi a possibilidade de disputar pelo Palácio dos Leões, a ex-governadora respondeu pela via da ambiguidade, afirmando que essa é uma decisão que deve ser tomada pelo MDB, do qual ela é presidente regional. Colocadas na mesa, essas cartas deixam muito claro que Roseana Sarney faz um jogo político inteligente, motivada principalmente pela fatia de pouco mais de 20% de intenções de votos que lhe tem sido dada nas pesquisas feitas até aqui para identificar as tendências do eleitorado na corrida ao Palácio dos Leões. Nesse tabuleiro, ela não se move como um pré-candidato que tem rejeição duas vezes maior do que votos a favor, mas como uma liderança com poder para convencer pelo menos uma parte dos seus apoiadores a seguir em determinada direção.

O MDB tem noção exata do peso político e eleitoral da sua presidente, e avalia que não vale a pena riscar seu nome da relação de candidatos. Numa conta simples, os estrategistas do MDB calculam que, se Roseana Sarney conseguir transferir um ¼ do seu cacife eleitoral, isso significará algo em torno de 5% dos votos, que podem ser decisivos numa eleição majoritária marcada pela polarização. E nesse caso, a rejeição não conta, porque estará já diluída no apoio a outros candidatos. E para os estrategistas do MDB, a conclusão é óbvia: o MDB a tem como um trunfo a ser levado em conta numa aliança, formal ou informal, ao longo da corrida às urnas.

E por que não disputar o Senado? Roseana Sarney é suficientemente bem informada para saber suas chances contra o governador Flávio Dino (PSB) são bem modestas, e depois, ela nunca simpatizou com o Senado, e que para ela é politicamente conservador e limitado. Já a Câmara Federal, onde também esteve por oito anos, é vista por ela como o epicentro da vida política do País. No mais, concorda com as lideranças emedebistas sobre a decisão de não lançar candidato ao Senado, podendo inclusive declarar apoio à candidatura de Flávio Dino.

Como deputada federal, Roseana Sarney chegou ao estrelato como uma das principais articuladoras do movimento parlamentar que resultou na queda do presidente Fernando Collor de Mello (PMN), em 1991. Já o destaque da sua trajetória de quatro anos no Senado foi assumir o posto de líder do Governo Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional, integrando o time de ponta de assessores políticos da então presidente da República, e de onde só saiu em 2009 para assumir o Governo do Estado em decorrência da cassação do então governador Jackson Lago (PDT). A ex-governadora, portanto, sabe o caminho das pedras que, vale lembrar, aprendeu como assessora especial do então presidente José Sarney (MDB).

A candidatura à Câmara Federal também com a perspectiva de ser muito bem votada, e assim contribuir para turbinar a representação federal do MDB é uma estratégia que também abriga riscos. E o motivo é eminentemente eleitoral: além dos deputados federais em busca da reeleição, incluindo os emedebistas João Marcelo e Hildo Rocha e de outros integrantes da bancada de cacife volumoso, como Márcio Jerry (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB), Josimar de Maranhãozinho (PL) ou a deputada estadual Detinha (PL), Rubens Jr. (PCdoB), Cléber Verde (Republicanos), André Fufuca (PP), Aloísio Mendes (PSC), uma turma de nomes fortes está mirando a Câmara Baixa, a exemplo de Duarte Jr. (PSB), Clayton Noleto (PCdoB), Carlos Lula (PSB), Lobão Filho (MDB) e Roberto Rocha Jr. (ainda sem partido).

É esse conjunto de fatores que faz com que os estrategistas do MDB mantenham a ex-governadora Roseana Sarney na relação de pré-candidatos ao Palácio dos Leões Poucos duvidam de que a ex-governadora será eleita com boa votação, e que sua votação poderá ajudar o MDB a aumentar a sua bancada. Mas há também que veja essa estratégia com os olhos da cautela.

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