As cartas

Por Fernando Brito no TIJOLAÇO

O final de semana promete.

Hoje ainda, mais tarde, uma nova leva de revelações do The Intercept sobre o caso Moro.

Quão grave e chocante vai ser, só Glenn Greenwald e sua equipe sabem.

É possível que haja repique na Folha, no domingo.

Domingo de manifestação pró-Moro que, pelo que é possível sentir, não anda empolgando muito, a julgar pelas redes sociais.

Ou então estão escondidos de vergonha com as histórias da cocaína voadora e do vendedor de bijuterias de nióbio, que “bomba” na internet.

A notícia do acordo entre União Europeia e Mercosul até poderia ajudar Bolsonaro, não tivesse feito tantas manifestações de desprezo para com o Mercosul.

Sua conclusão, entretanto, parece ter sido acelerada mais como uma manobra de cautela dos europeus diante do acirramento da guerra comercial dos Estados Unidos com a China do que por uma ofensiva sulamericana sobre o Velho Mundo, porque as duas principais economias do continente, Brasil e Argentina, não vão lá bem das pernas.

De toda forma, não é assunto que empolgue sua tropa.

Sérgio Moro não tem respostas incisivas, oscilando entre o “não me recordo”, “não tem nada de anormal” e o “foi uma interceptação criminosa” que, juntos e misturados, resultam em inconvincentes.

É um homem que construiu-se com a autoridade do cargo de juiz, não um polemista que saiba enfrentar ataques.

Da mídia, antes uníssona, resta-lhe como incondicional a Globo, mas já nem tanto e tão monolítica.

Greenwald vai movendo suas peças no tabuleiro com aparente maestria, até agora.

Conseguiu a legitimação da Folha e da Veja, saindo do universo dos blogs progressistas.  E chamou para si a polêmica, na qual até é ajudado por sua condição de estrangeiro.

Tem todo o tempo – e no dia de hoje ainda mais – a iniciativa de lançar à mesa a primeira carta de cada vaza. É ele quem faz a pauta. quem decide a ordem em que descarta os trunfos e de dosar a força de cada um.

Não creio, por isso, que vá jogar já os maiores.

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