Governo vai insistir na nomeação de Cristiane Brasil, afirma Marun

Deputada enfrenta denúncias envolvendo associação com tráfico e pedido de votos a servidores.

Jornal do Brasil

O ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun afirmou nesta segunda-feira (5) que o governo não vai recuar da indicação da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o cargo de ministra do Trabalho. De acordo com ele, não há a intenção de pedir que o partido sugira outro nome para assumir o ministério.

“O governo continua insistindo no reconhecimento da privativa prerrogativa do presidente Temer prevista na Constituição de nomear seus ministros”, disse Marun, argumentando que ainda que não há nada que efetivamente prejudique a imagem de Cristiane Brasil. “O fato de alguém ter perdido uma ação trabalhista não significa que essa pessoa seja imoral.”

Fato não significa que deputada “seja imoral”, defendeu articulista do governo

O ministro foi questionado sobre notícias publicadas pela imprensa neste fim de semana, sobre suposta associação ao tráfico e a divulgação de um áudio de 2014 em que ela cobraria votos de servidores públicos. Marun respondeu que o governo está em uma luta maior, que seria o reconhecimento da prerrogativa constitucional do presidente de nomear ministros.

Carlos Marun disse ainda que não há nada que efetivamente prejudique a imagem de Cristiane Brasil. “O fato de alguém ter perdido uma ação trabalhista não significa que essa pessoa seja imoral.”

Deputada enfrenta denúncias envolvendo associação com tráfico e pedido de votos a servidores

Indicada há um mês para assumir o Ministério do Trabalho, Cristiane Brasil viu seu nome envolvido em novas denúncias neste final de semana. No sábado (3), O Estado de S. Paulo revelou que a deputada é investigada em inquérito que apura suposta associação com o tráfico de drogas. No domingo (4), o Fantástico divulgou gravação de 2014, na qual a parlamentar, então Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e da Qualidade de Vida da Prefeitura do Rio, pede votos a funcionários da pasta para se eleger deputada federal pelo PTB.

No fim de semana, a assessoria da deputada divulgou nota informando que o referido inquérito sobre associação ao tráfico foi aberto baseado em uma denúncia anônima durante a campanha eleitoral de 2010, ano em que Cristine sequer foi candidata. “A deputada afirma que não foi ouvida no inquérito e nega veementemente que teve contato com qualquer criminoso”, diz o texto.

Gravação e pedido de votos

Na época da gravação, Cristiane Brasil estava licenciada da Câmara dos Vereadores para assumir a secretaria. Cerca de 50 servidores públicos e prestadores de serviço da pasta foram chamados para um encontro com ela. “Bom dia! Aqui não é uma reunião tensa. É apenas pra gente situar vocês de coisas que não estão no dia a dia de vocês e que vocês precisam entender pra ajudar a gente. Se eu perder a eleição de deputada federal…Eu preciso de setenta mil votos. Eu fiz quase trinta (mil votos). Agora são setenta mil. No dia seguinte, eu perco a secretaria. No outro dia, vocês perdem o emprego”, diz a deputada.

Governo indicou a deputada para assumir o Ministério do Trabalho há um mês

“Só tem importância na política quem tem mandato. Só tem mandato quem tem voto. Só tem voto quem tem pessoas como vocês que estão na ponta ajudando a gente pedir e propagar o voto. Do contrário, não funciona”, completa.

Associação com o tráfico de drogas

Cristiane Brasil é investigada em um inquérito que apura suposta associação com o tráfico de drogas, de acordo com o Estado de S. Paulo. A investigação foi aberta pela Polícia Civil do Rio em 2010, a partir de denúncias de que assessores da deputada teriam pagado traficantes pelo “direito exclusivo” à campanha política em Cavalcanti, na Zona Norte.

Presidentes de associações de bairro teriam sido levados para conversar com o chefe do tráfico da região por se recusarem a trabalhar para a deputada.

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