Roberto Rocha: Um subproduto do sarneísmo

Blog do Ed Wilson Araújo

A oligarquia liderada por José Sarney (PMDB) perdeu o controle do Palácio dos Leões, mas deixa uma cultura política duradoura no Maranhão: o sarneísmo.

Trata-se de uma prática cultural encravada no tripé fisiologismo, clientelismo e patrimonialismo, em vigor a torto e a direito na maioria das nossas prefeituras e com muita força entre as lideranças políticas.

O ex-governador João Castelo (que Deus o tenha!) é uma dessas espécies. Na atualidade despontam o deputado federal Weverton Rocha (PDT) e o senador Roberto Rocha (PSB). Apesar de estarem momentaneamente em campos opostos, ambos são legítimos representantes do sarneísmo.

E qual a diferença entre o oligarca e seus subprodutos?

José Sarney é um coronel perverso com a maquiagem do beletrista. Ao dominar o Maranhão, articulou-se à cultura popular e à literatura, fomentando um núcleo intelectual estruturante na construção do processo de hegemonia.

Paralelamente, costurou relações sólidas com a República, através do controle da bancada dos deputados federais e senadores e um farto trânsito nos tribunais superiores.

O poder político e econômico associou-se à mídia, construindo um império de propaganda a favor de si e contra os adversários.

Os subprodutos do sarneísmo não têm cosmética. É como se viessem direto da UDN sem passar pela “bossa nova”.

Portanto, ninguém precisa se decepcionar ou acusar de traição o senador Roberto Rocha (PSB), eleito na chapa vitoriosa da oposição liderada por Flávio Dino (PCdoB) em 2014.

Empapuçado de arrogância, ele diz que se elegeu sozinho, por mérito, sem qualquer relação com a onda de alternância geracional que contaminou o eleitorado.

O dissenso do senador não é infidelidade nem traição. É apenas coerência aos princípios ideológicos e à prática política retrógrada, indissociáveis do perfil de Roberto Rocha.

É natural que o senador, nas redes sociais, insulte seus adversários de “ratos” ou interprete o Manifesto Comunista como obra do demônio e diga que Flávio Dino é arquiteto da esquerda na América Latina(!).

Filho do ex-governador Luiz Rocha (PDS), autêntico representante do sarneísmo, ele aspira ao Palácio dos Leões porque considera o Maranhão um produto de herança.

As burras do Maranhão têm de ser dele e ponto final, seja por capricho ou continuidade do poder nas elites, cujas raízes mais profundas estão nas capitanias hereditárias.

Não se pode esperar nada diferente no comportamento de Roberto Rocha. Ele é isso e nada mais – uma adaptação piorada de José Sarney.

Ainda bem que eu votei em Marcos Silva para senador em 2014. Ufa!

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