CGU: Empresas de fachada receberam mais de R$ 55 milhões da Saúde na gestão Roseana

Maranhão da Gente – O relatório que embasou a Operação Sermão aos Peixes, que investiga desvios de verba pública na Saúde durante o governo de Roseana Sarney, aponta a formação de empresas de fachada para receber parte dos recursos. O documento produzido pela Controladoria-Geral da União (CGU) diz que essas empresas foram montadas para prestar serviços que nunca foram prestados e para vender produtos fictícios.

O esquema, de acordo com a CGU, funcionava assim: a Secretaria de Saúde, comandada por Ricardo Murad, enviava verbas para a ICN e a Bem Viver, entidades responsáveis por gerir hospitais e unidades de saúde. Só que parte do dinheiro era destinada a empresas que só existiam no papel.

Segundo as investigações, quatro empresas de fachada receberam cerca de R$ 57 milhões da ICN e da Bem Viver entre 2010 e 2013.

Duas delas são a Tomaz Resgate e a Tomaz M. Guimarães Junior & Cia, de São Luís. Contratadas para prestar serviços médicos em diversas unidades hospitalares, as duas empresas faturaram R$ 37,4 milhões em quase quatro anos. Juntas, essas duas empresas representaram o segundo maior faturamento entre todas as empresas contratadas pela ICN e pela Bem Viver na gestão Murad.

Endereços fictícios

image006-290x300A CGU diz que as duas empresas não funcionam nos endereços indicados nos CNPJs e nas notas fiscais. O endereço onde deveria funcionar a Tomaz Resgate não existe. Já o da Tomaz Guimarães é, na verdade, um edifício residencial.

Além disso, as empresas foram contratadas verbalmente e teriam sido criadas unicamente para receber os recursos da Secretaria de Saúde. A CGU ainda afirma que não houve fiscalização sobre os serviços referentes aos R$ 37,4 milhões destinados às duas empresas.

Esquema Maranhão-Goiás

Duas empresas de Goiás, a Farma Produtos Hospitalares e a Life Med Distribuidora de Medicamentos, também são citadas como de fachada. Ambas receberam, respectivamente, R$ 9,89 milhões e R$ 9,77 milhões. Segundo a CGU, não houve comprovantes de despesa para os pagamentos feitos a essas duas empresas.

Os investigadores estiveram nos locais onde deveriam funcionar a sede das duas empresas. Lá, foi constatado que nenhuma delas operava de fato no local. As instalações, bastante modestas, mostram que elas não tinham condições de manejar as cifras recebidas.

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Além disso, quase todas as notas fiscais emitidas pela Farma e pela Life Med nunca passaram pelos postos da Receita Federal entre Goiás, local onde as empresas funcionam, e o Maranhão. Como se tratava de venda de remédios, os produtos teriam que fazer esse trajeto e passar pelos postos. Isso quase nunca aconteceu.

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