Do Blog do Ed Wilson
As primeiras declarações do governador eleito Flávio Dino (PCdoB) sobre a rádio Timbira dão o tom da importância que a emissora terá no cenário midiático maranhense a partir do próximo ano.
Valorizar a comunicação pública e assegurar a pluralidade de informações são diretrizes essenciais na perspectiva de equilibrar o fluxo de opiniões e o debate de ideias no Maranhão.
Dino pretende potencializar a Timbira e investir nas redes digitais com o objetivo de democratizar a comunicação, monopolizada pelo complexo midiático sob controle da família Sarney – o Sistema Mirante de Comunicação.
O governador comunista dá sinais de que não vai alimentar seu maior adversário com o banquete de verbas publicitárias do Estado, como fez o ex-governador Jackson Lago (PDT), cassado em 2009.
Diariamente bombardeado pelo Sistema Mirante, Lago optou por um caminho perigoso – despejava fortunas em anúncios publicitários nas empresas de mídia do empresário Fernando Sarney.
Quanto mais pagava e anunciava no Sistema Mirante, mais Jackson Lago era atacado, de todas as formas, até ser cassado e execrado publicamente.
Enquanto afortunava o braço midiático de Sarney, Lago desprezava a rádio Timbira a ponto de mandar a própria Polícia Militar, sob seu comando, fechar a emissora e demitir o diretor e radialista Gilberto Lima, um dos mais ardorosos militantes do jackismo.
Dino aparenta pensar diferente. Vai estabelecer uma relação comercial republicana com Fernando Sarney, sem ostentação do dinheiro público para financiar a mídia dominante.
É óbvio que Dino receberá propostas indecorosas de antigos sarneístas e novos comunistas, oferecendo rádios, TVs e blogs no balcão de negócios midiáticos tão comum no Maranhão.
O discurso indecoroso é aquele velho conhecido: para enfrentar o Sistema Mirante, é preciso comprar uma rede de rádios, blogs, jornais e TVs.
Jackson Lago, nem isso fez. Partiu direto para os negócios com Fernando Sarney, pagando para apanhar. Foi cassado e humilhado nas páginas onde ele mais despejava dinheiro.
Exemplos fracassados não devem ser copiados. Dino também não parece propenso às propostas indecorosas. Porém, conhece as armas do adversário.
Sarney perdeu a eleição, mas ainda é o coronel eletrônico no Maranhão. Nesse segmento, a oligarquia está viva e forte.
No primeiro ano de governo, a mídia de Sarney vai sangrar Dino e chamá-lo a negociar.
Há dois caminhos: repete Jackson Lago ou monta uma estratégia midiática de enfrentamento.
A conferir.