A morte de um cachorro no Carrefour gerou mais indignação que a do jovem negro estrangulado no supermercado

Por Kiko Nogueira – DCM

A cena é dantesca. 

Um jovem morreu após ser estrangulado por um segurança do hipermercado Extra na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na tarde de quinta-feira, dia 14.

A alegação é a de que Pedro Henrique Gonzaga, de 25 anos, teria tentado roubar a arma do homem, segundo O Dia.

O segurança Davi Ricardo Moreira foi preso, mas já saiu na madrugada desta sexta da Delegacia de Homicídios.

Vai responder em liberdade.

Pedro foi imobilizado em um “mata-leão”. Deveria ter sido solto quando ficou inconsciente. 

O predador largou sua presa quando era tarde demais.

Tudo foi filmado.

“Está desmaiado, não está não?”, pergunta alguém.

“Está sufocando ele”, diz uma mulher. “Ele está com a mão roxa”, afirma outra.

Todos obedecem quando lhes é ordenado que calem a boca.

Ninguém faz nada.

O vídeo vai ganhar likes nas redes sociais.

Pedro morreu no hospital após uma parada cardiorrespiratória. O supermercado emitiu uma nota protocolar, afirmando que os funcionários foram afastados. 

Mais um que virou estatística. Bandido bom é bandido morto.

Foi sob violenta emoção, certo, doutor Moro? Talquei?

A comoção durou algumas horas e amanhã ninguém se lembrará de mais nada.

Um cachorro abatido a pauladas no Carrefour de Osasco gerou uma onda de indignação no país durante semanas, mobilizando anônimos e famosos.

Páginas e páginas no Facebook homenagearam o cão. Nenhuma será feita para exigir justiça a Pedro.

Antes que você me acuse de odiar os animais: estou fazendo apenas uma constatação.

Olhe à sua volta.

É a vida como ela é. Nada de novo sob o sol.

Pobres de nós.

O cachorro do Carrefour foi para o céu

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