Cada vez mais difícil à situação dos pescadores da Ilha do Passeio

Com o avanço cada vez maior das marés eles têm que mudar seus barracos de lugar com menos tempo do que antes.

Em torno de 20 famílias da comunidade de Carnaubeiras – zona pesqueira de Araioses – que passam a maior parte do tempo de suas vidas morando em barracos de madeira e palhas na Praia do Passeio – hoje um anexo da Ilha do Caju – encontram cada vez mais dificuldades para se manterem no local e fazer suas pescarias.

A pequeníssima Ilha do Passeio estrategicamente é um ótimo local de partida para as pescarias de numerosos peixes com destaque para as Tainhas, Camurins (Robalos), Pescada Amarela e os cobiçados crustáceos como os camarões e os siris.

Pelo Sul ainda resta o canal que forma a ilha…

Porém, a situação desses pescadores fica cada vez mais difícil devido às mudanças de marés, que os obriga a fazer constantes mudanças de seus barracos. Se anos atrás, essas mudanças ocorriam em média a cada cinco anos, agora elas ocorrem a cada dois anos.

A saída para uma estabilidade dessas famílias de pescadores seria a permissão para que eles pudessem construir seus barracos na faixa de 33 metros – área chamada de terra de marinha -, na orla da Ilha do Caju.

Do lado Norte, o canal já está aterrado

Terrenos de marinha são áreas de terra que pertencem à União, localizadas na costa, em rios e lagoas. São considerados patrimônio do povo brasileiro e são administrados pelo Governo Federal.

Ocorre que a Ilha do Caju é particular, portanto aparentemente pode está fora do controle do Governo Federal e lá os atuais proprietários impuseram proibições até dos pescadores catarem galhos secos na paria para cozinharem ou assarem seus alimentos, criando uma dificuldade a mais para esses que tem que buscar lenhas em lugares distantes.

Drones e quadricículos são usados nas 24 horas do dia nessa fiscalização, o que em parte e digna de louvor, pois a ilha só está preservada, graças a essas regras que funcionam há séculos.

Na verdade, literalmente não existe mais a Ilha do Passeio, já que o canal que a formava pelo lado norte já está aterrado e a cada ano ela fica menor. Na maré baixa é grande, nas grandes marés ela pouco maior do que um quarteirão.

O que fazer então?

Não se pode dizer que vai dar certo, não se sabe se os proprietários da Ilha do Caju vão concordar, mas seria importante se tentar uma negociação com eles, onde presente também estivesse à prefeitura de Araioses, através das secretarias de Agricultura e Pesca, do Meio ambiente e Turismo e do sindicato que representa a categoria.

Pelo que produzem, pela quantidade de pessoas que alimentam e da importância que aqueles pescadores têm na economia do município, necessário é que alguma coisa se faça por eles, antes que percam – para a Natureza – o local onde ficam a maior parte do tempo de suas vidas.

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