A inflação do estômago é muito maior que a do IBGE

Por Fernando Brito, editor do TIJOLAÇO

O presidente do Banco Central disse ontem que ficou “surpreso” com a inflação de 1,62% registrada em março.

É que o doutor Roberto Campos Neto, provavelmente, não empurra um carrinho no supermercado ou segue de sacolas dobradas para uma feira-livre.

Fosse assim, ele não estaria surpreso, mas apavorado como os brasileiros que o fazem, porque a inflação da cesta básica, segundo estudo de professores do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, feito com dados oficiais do IBGE, quem dera fosse daqueles 1,62%.

Foi, publica hoje a Folha, de 5,27% só em março e chegou a 21,46% no acumulado de 12 meses, quase o dobro do que registrava em um ano corrido até fevereiro, 12,67%.

Depois de um breve alívio – se é que se pode chamar assim preços apenas pararem de subir por três meses – a escalada foi brutal.

Os preços seguem em alta, sem perdão e a comida. para os mais pobres, pesa muito mais que na inflação oficial, que pondera a média de gastos de famílias com renda de até 40 salários mínimos.

Este é o terreno da campanha eleitoral, o que apavora Jair Bolsonaro, muito mais que as denúncias de corrupção, que ficam retidas em instituições politicamente corrompidas.

Não é preciso lembrar Lula de que é este o eixo de sua campanha, ele sabe.

As suas origens estão lá no Movimento contra a Carestia, no final da década de 70, uma das organizações que gestaram o PT.

As portas dos supermercados serão tão importantes quanto foram a portas de fábrica.

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