Por Ribamar Corrêa/Repórter Tempo
Esta segunda-feira (31) reúne todas as condições para ser um marco decisivo e histórico na política maranhense. É a data fixada para que os líderes da base partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PSB) batam martelo decidindo quem será o candidato do grupo ao Palácio dos Leões. No jogo estão o vice-governador Carlos Brandão (PSDB, mas em vias de migrar para o PSB), que será governador a partir de abril e concorrerá à reeleição, e o senador Weverton Rocha (PDT), que afirma não haver colocado nem freio nem mecanismo de retorno no foguete da sua pré-candidatura. Por mais que as posições pareçam inflexíveis, o que produz um clima de forte expectativa, com uma pitada de tensão, há em curso, estimulados pelo governador Flávio Dino, que mantém enfático o discurso da unidade, movimentos e conversas que podem levar a um grande acordo. A Coluna fez algumas sondagens, tendo as fontes “segurado o ouro”, mas passando claramente a impressão de um otimismo cauteloso. O que ficou claro é que cartas bem objetivas serão colocadas sobre a mesa, e poderão produzir o grande acordo aspirado. Ou uma ruptura, que não está entre os resultados possíveis dessa operação.
O cenário da reunião abriga a lógica política e o arrojo político. A lógica favorece o vice-governador Carlos Brandão, um político tarimbado que na condição de governador, a partir de abril, será naturalmente candidato à reeleição. O arrojo é expressado pelo senador Weverton Rocha, um político jovem e impetuoso, que está disposto a interromper o mandato senatorial. O acordo possível é que um deles abra mão da pré-candidatura e declare apoio ao outro, com direito a indicar o candidato a vice e firmar compromissos para as eleições de 2026. A não aceitação de um entendimento que garanta a unidade do grupo e abra caminho para acertos futuros, certamente criará as condições para uma ruptura, com um confronto entre dois candidatos dentro da base governista. Nesse caso, mesmo que um deles vença a eleição, governará sem uma base política sólida, podendo enfrentar enormes problemas de governabilidade.
Nos últimos dias, correram vários rumores sobre intensos movimentos nas entranhas partidárias, fazendo com que essa seara esteja sendo sacudida por uma ciranda dos partidos. É provável que na reunião desta segunda-feira o suporte partidário tanto de Carlos Brandão quanto de Weverton Rocha esteja alterado em relação à reunião do dia 29 de novembro, quando houve a primeira tentativa de definição do candidato governista. Diferentes sinais indicam que Carlos Brandão vai para a reunião partidariamente fortalecido. Weverton Rocha, por seu turno, parece manter guardadas cartas partidárias importantes no bolso do colete. Tanto um quanto o outro sabem que, mais do que uma pesquisa mostrando alguma vantagem nos percentuais de intensão de voto, a base partidária é um trunfo fundamental e decisivo para a definição do candidato. Afinal, candidatura majoritária é um projeto de grupo.
O fato concreto é que, mesmo com esses fatores, os quais, juntados com boa vontade, podem produzir um grande acordo, não há como antever o desfecho da reunião desta segunda-feira, que será realizada sob o signo da imprevisibilidade. Pelas condições que o embalam, Carlos Brandão está convencido de que é o nome da vez na aliança governista. E pelos fatores que o estimulam, Weverton Rocha exibe confiança de que sua vez é agora. Nos bastidores, corre que o governador Flávio Dino, mesmo reafirmando aos partidos o seu apoio ao projeto do vice-governador Carlos Brandão, mas sem transformar Weverton Rocha em adversário, mantém abertas todas as portas para a negociação e o entendimento.
Em resumo: a reunião desta segunda-feira pode produzir tanto o grande e aspirado acordo, que satisfaça os dois grupos em disputa e mantenha forte a aliança partidária situacionista, quanto materializar o fantasma da divisão, que será o pior dos cenários para um movimento vitorioso em 2014 e 2018, e com todas as armas políticas ao seu alcance para vencer também em 2022.