Eleição de Lula é “indispensável para aliança estratégica” com Europa, diz El Pais em editorial

Lula e Emmanuel Macron, presidente da França (Foto: Ricardo Stuckert)

Por Plinio Teodoro/Revista Fórum

Em editorial nesta segunda-feira (22), um dia após estampar a entrevista com o ex-presidente brasileiro na capa da edição impressa, o jornal El País afirma que a eleição de Lula em 2022 é “indispensável para aliança estratégica” com a Europa.

“Lula demonstrou sua sensibilidade por temas como a pobreza e a justiça social em uma área fortemente golpeada pela desigualdade. Mas também por questões como a mudança climática, a diversidade e a qualidade democrática. Sua visão em termos de valores e de uma governança global multilateral dão sentido a esse diálogo entre as famílias progressistas de ambos os continentes. A construção de uma agenda comum chega em um momento no qual os problemas internos europeus continuam afundando o inexplicável vazio e desinteresse da União por uma região com a qual é indispensável estabelecer uma aliança estratégica para lutar por objetivos comuns, como a mudança climática e uma globalização que limite os excessos ordoliberais da última década”, diz o jornal.

“Lula deixou, à sua passagem pela Europa, a mensagem de que o Brasil não é Bolsonaro, e que uma esquerda democrática, realista e disposta a batalhar contra a desigualdade é possível“, emenda o El País, sinalizando que Lula atingiu seu objetivo no giro pelo velho continente.

O jornal espanhol ainda ressaltou as conversas de Lula com chefes de Estado de centro-esquerda do continente e a reunião com lideranças e movimentos progressistas.

“A relevância de Lula e destas eleições para a estabilidade regional constituem os principais motivos pelos quais vale a pena para a esquerda europeia se aproximar do possível próximo presidente do Brasil. Ele pode ser considerado sem dúvida o representante mais afim à família social-democrata no continente latino-americano”.

Bolsonaro “desprezou a vida humana”, “desprestigia a política e despreza a verdade”

O periódico, um dos principais da Europa, ainda usou termos fortes para definir “o manual amplamente conhecido do populismo autoritário” de Jair Bolsonaro (Sem partido).

“O fundador do Partido dos Trabalhadores parece ser o candidato com maior capacidade para vencer Bolsonaro, um presidente que desprezou a vida humana e a autoridade da ciência durante a pandemia, levando a seu país a uma das taxas mais altas de mortes por covid-19 em todo o planeta”, diz o texto.

Após afirmar que além de destruir a Amazônia – “um dos pulmões da Terra e foco que abriga maior diversidade do globo” -, Bolsonaro desdenhou abertamente das normas democráticas básicas, deslegitimando e tentando anular seus adversários políticos.

“Desde que tomou posse como presidente, em 2019, Bolsonaro segue o manual amplamente conhecido do populismo autoritário. Infligiu um incalculável dano às normas constitucionais, dividindo e polarizando a sociedade: desprestigia a política e despreza a verdade, ao mesmo tempo em que promove teorias conspiratórias negacionistas”.

Para o El País, “as eleições que anteporão Lula a Bolsonaro terão um caráter existencial: está em jogo o próprio futuro da democracia no Brasil. O resultado, inevitavelmente, terá um enorme impacto em todo o continente durante a próxima década, dada a capacidade de irradiação de um país que já foi considerado um exemplo democrático entre as economias emergentes”.

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