Lição de um Finados

Enterro de vítima de Covid em cemitério de São Paulo – Credit…Foto: Epa

Por Wilson Cid

Jornal do Brasil – Este é um Finados diferente, sinistramente diferente, porque já são 607 mil brasileiros que temos a prantear. Nunca foram tantas as razões coletivas para o país chorar, a uma só vez; porque chora sobre a multidão de túmulos e covas rasas, onde foram parar as vítimas de dois anos da epidemia mais trágica que todas as nossas guerras e revoluções; pior que todas as pestes contemporâneas. Particularmente cruel.

O que fazer quando o Finados passar, e esses mortos condenados a serem apenas números de estatísticas fúnebres? Diria que a forma de não permitir que eles e seu sacrifício passem em vão é levar o Brasil a cuidar mais da Saúde; preventivamente, sem esperar que a morte chegue de surpresa, mas quando puder ser evitada.

As campanhas de vacinação – nossos governantes e políticos precisam saber – têm de ser permanentes, sem tréguas. Ao contrário da doença, que requer ações curativas, a defesa da Saúde é essencialmente preventiva. Defesa antes do ataque. Neste particular, ainda falando aos que têm poder para decidir, a começar pelo Congresso Nacional, não é suficiente correr atrás de culpados, mas prestigiar os programas sanitários, a produção de vacinas em escala, decretar que sejam disponíveis e elaborar distribuição com logística competente. O que se viu nos últimos meses: enquanto nossos dirigentes digladiavam, multidões estavam morrendo.

Neste Finados é preciso que os governantes do Brasil deixem o campo santo sabendo que ali está um pouco de cada um deles, sobreviventes. E entender que a morte das pessoas, sejam parentes, amigos ou anônimos, é algo que aniquila a todos, porque todos somos parte de uma nação, por mais empedernidos que sejam os corações. Precisam pensar bem nisso.

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