Dino arquiva aventura federal, descarta ficar no cargo até o fim e confirma que disputará a vaga no Senado

Flávio Dino com Carlos Brandão em Caxias, com o prefeito Fábio Gentil (de máscara branda, atrás do governador) onde confirmou sua candidatura ao Senado e a ascensão do do vice à titularidade no comando do Estado

Ribamar Correia

Repórter Tempo“Saio no dia 2 de Abril para disputar a eleição para o Senado”. Com essa declaração, pronunciada em discurso feito em evento, sexta-feira (15), em Caxias, na presença do prefeito Fábio Gentil (Republicanos) e do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), o governador Flávio Dino (PSB) deu todas as indicações de que, mesmo levando em conta a imprevisibilidade da política, sua decisão parece tomada e irreversível. Com declaração, o governador descartou a possibilidade de permanecer no cargo até o final do mandato e de vir a ser candidato a presidente ou a vice-presidente, e mandou dois recados ao mundo político estadual: vai para o bom combate político e eleitoral em busca do mandato senatorial, e que o vice-governador Carlos Brandão assumirá comando do Estado e tentará a reeleição na condição de governador titular. O aviso disparado pelo governador informa aos aspirantes à cadeira de senador que eles enfrentarão um candidato politicamente determinado e eleitoralmente testado.

A batida de martelo do governador em Caxias resolveu, de cara, uma situação que vinha sendo desenhada de maneira imprecisa. Há meses, o mundo político e partidário vem fazendo os mais diversos exercícios para dar forma à corrida ao Senado apontando prováveis candidatos. Vários nomes têm sido ventilados – o senador Roberto Rocha (sem partido), o professor Paulo Romão (PT) e o prefeito Erlânio Xavier (PDT), entre outros. Salvo o professor petista, que parece decidido a brigar pela vaga de candidato dentro do partido, nenhum outro nome anunciou formalmente sua pré-candidatura. Ao mesmo tempo, partidos como o MDB, que ainda não definiu quem apoiará para o Governo do Estado, e o PSD, que tem o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. como pré-candidato ao Palácio dos Leões, já decidiram não lançar candidato a senador.

Entre os prováveis adversários de Flávio Dino na corrida senatorial, o nome mais visível é o do senador Roberto Rocha, cujo mandato termina agora. Ocorre que, a um ano das eleições, ele está sem partido e ainda não informou ao eleitorado maranhense se será candidato à reeleição, se disputará a cadeira de governador ou se entrará na dura briga por uma vaga na Câmara Federal. Nem seus aliados mais próximos sabem qual será o caminho do senador nessa corrida, e tudo indica que ele só o definirá quando resolver sua pendência partidária, o que fará juntamente com outro sem-partido, o presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado de primeira linha. Nesse ambiente de indefinições, a especulação mais frequente sugere que o presidente o quer candidato a governador. Quanto a buscar a reeleição, o senador Roberto Rocha sabe que se trata de uma empreitada muito difícil.

Nesse contexto, o aspirante petista Paulo Romão não atendeu a apelos de líderes do partido e decidiu manter seu projeto de candidatura ao Senado, provocando um debate doméstico, estimulado por alguns apoiadores. Na ponta do lápis, Paulo Romão tem dois desafios gigantescos pela frente: convencer o PT a romper com o governador Flávio Dino e lhe dar a vaga de candidato a senador e, se conseguir, enfrentar o próprio Dino nas urnas – a impressão geral é a de que ele dificilmente vencerá o primeiro desafio.

E, finalmente, o pedetista Erlânio Xavier, prefeito de Igarapé Grande, presidente da Famem e chefe da pré-campanha do senador Weverton Rocha ao Governo, que ensaia pré-candidatura ao Senado com movimentos previsíveis, como uma pesquisa segundo a qual a quase totalidade dos igarapé-grandenses aprova sua gestão. De acordo com porta-vozes seus na blogosfera, ele poderá sair candidato se o senador Weverton Rocha romper de vez o acordo partidário e levar à frente o seu projeto de chegar ao Governo fora da aliança liderada pelo governador Flávio Dino. Para tanto, terá de renunciar à Prefeitura de Igarapé Grande e, ato contínuo, à presidência da Famem, os dois suportes da sua existência política. Muitos pagam para ver.

Na sua fala em Caxias, o governador reafirmou o realismo com que navega nas águas turbulentas da política ao declarar que deixará o Governo “para disputar a eleição para o Senado”. Ou seja, com os pés no chão e sem a arrogância de muitos favoritos.

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