Tenente-coronel critica PM de Goiás no caso Lázaro: “Operação foi uma catástrofe”

Lázaro Barbosa foi capturado após 20 dias de cerco policial – Foto: Reprodução

Por Igor Carvalho/Brasil de Fato

A operação da Polícia Militar de Goiás, que culminou na morte de Lázaro Barbosa, de 32 anos, que estava foragido há 20 dias, foi criticada pelo tenente-coronel da reserva da PM de São Paulo, Adílson Paes de Souza.

“A operação foi uma catástrofe, para ser o mais educado possível. Um horror e um atestado de que não vivemos em um estado democrático de direito. Um atestado de que a polícia não sabe seu papel em uma sociedade democrático”, destacou em entrevista ao Brasil de Fato.

“A polícia demora 20 dias para localizar uma pessoa, com mais de 200 policiais em seu encalço e falharam. Não era uma operação policial, era uma caçada. A imprensa alimentou essa caçada e essa tragédia”, explicou.

Barbosa é acusado de diversos crimes e o principal suspeito do assassinato de uma família em Ceilândia, no Distrito Federal, e de um caseiro de uma fazenda em Girassol, em Goiás. Souza explica que criticar a operação, não significa defender esses crimes.

“Quem estabelece essa confusão padece de uma confluência de situações e sentimentos, que passa por ignorância, preconceito e desrespeito. Há um desespero de uma parcela da sociedade que só enxerga saída pela morte”, explicou o tenente-coronel.

Souza, que observou as imagens do corpo de Barbosa, não tem dúvidas. “Foi uma execução, são muitas marcas de tiros”. Para o especialista em segurança pública, a morte do principal suspeito dos crimes deve dificultar o trabalho de investigação da polícia.

“Faltou inteligência. Olha, 20 dias, com essa quantidade de policiais, não conseguirem prender um homem que circulava sozinho por uma área que já estava demarcada? É muita incompetência. Nada explica, que não a falta de competência”, argumenta.

Ainda de acordo com Souza, policiais quebraram diversos protocolos da polícia durante a operação e, “é preciso investigar se Barbosa já não estava morto quando seu corpo foi removido. Se ele foi removido morto, é um erro grave, pois o corpo deveria passar por perícia no local de sua morte.”

Para o tenente-coronel, os policiais se deixaram levar pelo clima provocado pela imprensa e da cúpula do governo goiano.

“Você percebe da maneira como os policiais tiram ele daquele carro e jogam o corpo na ambulância. O clima de festa. Pareciam caçadores que saíram para um safári e estavam exibindo a presa. Isso é atitude de bando e não de corporação policial. É deprimente de assistir.”

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