Ernesto Araújo montou força-tarefa no Itamaraty para pressionar por cloroquina da Índia

Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo (Foto: Itamaraty)

Por Plinio Teodoro, na Revista Fórum

O desdenho com que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) tratou a aquisição de vacinas contra a Covid-19 foi inversamente proporcionar à força-tarefa montada por Ernesto Araújo no Itamaraty para pressionar a Índia para enviar ao Brasil cargas e mais cargas de cloroquina, medicamento defendido pelo presidente, mas que não tem comprovação científica contra a doença, além de causar sérios efeitos colaterais.

Reportagem de Patrícia Campos Mello, na edição desta segunda-feira (10) da Folha de S.Paulo, revela que o ex-chanceler olavista, que depõe à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio na próxima quinta-feira (13), disparou “inúmeros telegramas” e mobilizou o aparato diplomático do Brasil para obter a cloroquina após o anúncio de “possível cura”, feito por Bolsonaro em 21 de março do ano passado pelas redes sociais.

Assim que o presidente deu o sinal pelas redes sociais, Araújo enviou telegrama aos diplomatas para que tentassem “sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas antes referidas [EMS, Eurofarma, Biolab e Apsen] e outras que se encontrem em igual condição, cujo desabastecimento no Brasil teria impactos muito negativos no sistema nacional de saúde”.

Segundo a reportagem, o Itamaraty pediu apoio para uma farmacêutica brasileira que forneceria o sulfato de hidroxicloroquina para “FURP [Fundação para o Remédio Popular], Fiocruz, LAQFA [Laboratório Químico-Farmacêutico da Aeronáutica] e Laboratório do Exército”. Na época, o governo indiano havia restringido a exportação da cloroquina.

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