Dallagnol planejou “colocar STF contra a parede” com ajuda do site O Antagonista, mostram diálogos

Mario Sabino e Diogo Mainardi, do Antagonista. Só não antagonizam com Dallagnol

Por Vinicius Segalla – DCM

O procurador Deltan Dallagnol, que chefiava a Operação Lava Jato, elegeu o STF (Supremo Tribunal Federal) como um dos “alvos” da força-tarefa, e assim informou ao grupo de procuradores do MPF-PR que com ele trabalhavam, por meio de mensagens por aplicativos de celular. Especificamente, o ministro Alexandre de Moraes.

Afirmou, porém, que a operação deveria ser feita anonimamente, pois temia o efeito midiático contrário “em nós querermos colocar o STF contra a parede”.

É o que mostram os diálogos protocolados nesta quarta-feira (17) pela Defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no STF. Todas as conversas a que os advogados do petista tiveram acesso advêm da Polícia Federal, trata-se de material periciado pela Operação Spoofing, ao qual o MPF-PR teve acesso antes do que a Defesa do ex-presidente.

De acordo com este material, no dia 27 de janeiro de 2018, o procurador Deltan Dallagnol conversava com seus pares por meio do WhatsApp, quando resolveu orientá-los para que buscassem direcionar a atenção da agenda pública para o ministro Alexandre de Moraes.

Na mesma mensagem, recomenda ainda o cuidado para se fazer isso anonimamente, fazendo uso do site O Antagonista, conforme, Dallagnol diz ainda, ele mesmo acabara de fazer:

27 JAN 18

• 22:34:45 Deltan CF, seguem ponderações da Liliana sobre a questão do foro. Acho que podemos alimentar os movimentos pra direcionarem atenção pra Alexandre de Moraes. Se pegar sem a nossa cara, melhor, pq fico penando em possível efeito contrário em nós querermos colcoar o STF contra a parede. Até postei hj sobre Alexandre de Moraes, e se quiser postar o que quiser manda ver, mas acho que a estratégia de usarmos os movimentos será melhor, se funcionar. Aquela informação do Andrey eu pasei pro Antagonista, anonimizada, via Liliana

(Crédito: STF

Desde que o ministro do STF Ricardo Lewandowisk tornou públicos os autos referentes à perícia da Polícia Federal nos diálogos apreendidos com um hacker – entre procuradores e policiais da Lava Jato e, em muitos casos, com a participação do ex-juiz Sergio Moro -, uma série de novas revelações sobre o modo de agir da Lava Jato têm vindo à tona.

Em uma delas, por exemplo, os procuradores comemoram o fato de o ex-juiz ter concedido mandados de busca e apreensão no processo do triplex antes mesmo que a Lava Jato tenha pedido. Em outra, Moro e Dallagnol conversam sobre manter um investigado preso por mais tempo para força-lo a assinar um acordo de delação premiada.

Veja aqui o material completo protocolado nesta quarta-feira (17) pela defesa de Lula no STF.

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