HISTÓRIA DE ARAIOSES – De sua origem até os dias atuais

Revoada de guarás entre a Ilha dos Guarás e o Morro do Meio, Araioses/MA

Araioses é uma cidade praticamente sem memória, o que acaba tornando difícil a vida de muitos estudantes que recebem como tarefa escrever ou falar algo sobre a história de nosso município, e não encontram as informações que precisam, em arquivos ou livros que relatem esses fatos.

Porém, graças ao louvável trabalho da professora e poeta Hozana Costa, o texto de sua autoria – que está posto abaixo – é importantíssima fonte de pesquisa, que com certeza contribuirá, em muito, para um melhor conhecimento de nossa história dede as suas origens até os tempos atuais.

O texto que publico foi extraído do Facebook de Zé Lima – o Zé do Mel, meu amigo de longas datas da Comunidade Carnaubeiras, distante 27 km da sede da cidade de Araioses.

Por Hozana Costa Rodrigues*

Professora Hozana Costa Rodrigues

Quando o índio Araio, da Tribo dos Tremembéns ou Teremembés morreu corajosamente tentando impedir um desembarque dos holandeses na Praia do Arpoador, perto de Tutoia/MA, juntamente com um grupo de vinte e seis índios Tremembés, seu filho Arinhã, jovem guerreiro, de vinte anos, reuniu sua mãe, seu irmão Arimã e alguns dos parentes mais próximos e separaram-se da tribo dos Tremembés, em 1699, e empreenderam viagem para o leste da Província, em direção ao Delta do Rio Parnaíba. Passaram pelos lugares onde hoje são os povoados ou cidades de: Barro Duro, Água Doce do Maranhão, Carnaubeiras, Frecheiras dirigindo-se rumo ao Rio Magú.

Em janeiro de 1701, atravessaram o Rio Magú, em pequenas canoas, feitas por eles mesmos e chegaram às proximidades de Ponta Grossa, na margem direita do Lago Grande do Magu, instalando-se, definitivamente, onde hoje é o povoado de Aldeia. Arinhã, chefe do grupo, organizou a formação de uma nova tribo que passou a chamar-se Araios, em homenagem ao velho índio Araio, pai de Arinhã.

Em 1702, Arinhã casou-se com Arinã, pois, segundo os costumes de algumas tribos, no casamento, a esposa recebe o mesmo nome do esposo, nascendo-lhes dois filhos: Aritã e Arivã.

Os índios araios viviam da pesca, da caça, fabricavam canoas, objetos de barro cozidos ao sol. Plantavam mandioca e milho, usavam arco e flecha, o macuque (machado), o jequi, o landuá e o quebra (pequeno curral feito de buriti).

Os Araios, assim como os Tremembés, falavam o tenetehara, um dialeto originário da língua Tupi.

Tempos depois, o jovem cacique Arinhã uniu ao seu nome, o nome do rio, passando a chamar-se Arinhã Magú, que no dialeto tenetehara significa morador da beira do rio ou do lago.

João de Deus de Magú

Dramaturgia de alunos das escolas de Araioses revivendo à História

João de Deus e Silvestre da Silva nasceu na Bahia, no dia 23 de julho de 1701, descendente de Diogo Alvares (Caramuru). Era mestiço por ser filho de homem branco com preta escrava. Muito inteligente, corajoso e aventureiro empreendeu viagem pelos sertões do Piauí, alcançando o Rio Parnaíba penetrou no Maranhão em 1728, chegando ás margens do Rio Itapecuru, onde encontrou os índios Canelas que habitavam a Serra da Canela, sendo levado até o povoado destes, atual cidade de Alcântara.

Dando continuidade às suas viagens, João de Deus alcançou as nascentes do Rio Magú e perto de sua foz, no Rio Parnaíba, descobriu os índios Araios no dia 22 de abril de 1741, ocasião em que celebravam a “Festa das Águas”, uma de suas manifestações folclóricas.

O cacique Arinhã fez sinal para que se aproximasse e fê-lo sentar-se ao seu lado. Logo depois dos primeiros contatos, João de Deus já então casado com dona Mariana, fizeram um pacto de amizade com os índios Araios. Para reafirmar essa aliança, João de Deus uniu seu nome ao nome do cacique, passando a chamar-se João de Deus Magú e Silvestre da Silva.

Pela facilidade em lidar com os índios, promoveu o aldeamento já organizado nos moldes de uma civilização: Dividiu-os em grupos familiares, vestiu-os e juntos construíram casas, inclusive uma casa de campo para o cacique. Ao lado da casa, fizeram um grande campo agrícola e ensinou-os o plantio de algodão em 1743.

Além do plantio de algodão que muito prosperou, ensinou-os a tecerem panos para seu próprio vestuário. O algodão nesta época passou a ser uma das principais fontes de renda do Maranhão.

Em 1748, João de Deus construiu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, Imagem que lhe fora dada por sua sogra como presente de casamento. Era uma Imagem ricamente adornada de ouro e prata, vinda de Portugal em 1730, tendo sido esculpida na cidade de Guimarães.

Em 1751, a antiga aldeia já possuía o aspecto de uma comunidade “civilizada”, pois possuía vinte casas. Em virtude disso, João de Deus foi a São Luís pedir ao Bispo que mandasse um padre para batizar os índios.

No dia 15 de agosto de 1752, o padre Inácio Pereira da Fonseca, entronizou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição na Capela e batizou todos os índios, dando assim início a fundação do Povoado, que foi denominado ARAIOSES por João de Deus após breve discurso.

No mesmo ano, 1752, foi construída uma escolinha ao lado da Capela, onde João de Deus e dona Mariana, ensinaram aos Araios o Alfabeto da Língua Portuguesa, o Catecismo da Doutrina Cristã e Noções de Aritmética, além de noções de carpintaria na fabricação de mesas e tamboretes. João de Deus também produziu um pequeno dicionário Tenetehara – Português que perdeu-se após sua morte em 1765.

Em 12 de abril de 1763, faleceu o velho cacique Arinhã Magú, com 84 anos, causando grande tristeza em toda a tribo. Contudo, o novo povoado crescia, pois já se criava gado vacum e cavalar e praticava-se a pesca do marisco nas praias das Ilhas do Caju e do Carrapato transportando-os em canoas para o povoado. A lavoura da cana-de-açúcar, do algodão, do milho, mandioca e feijão desenvolvia-se de tal maneira que passaram a vendê-los em outras regiões especialmente no Piauí.

No dia 10 de novembro de 1765, dois anos depois da morte de Arinhã Magú, João de Deus adoeceu gravemente e após breves palavras, morreu aos 64 anos sendo sepultado junto ao seu amigo, no cemitério da Aldeia. Um ano depois, em vinte de novembro de 1766, falece dona Mariana extinguindo-se assim os fundadores de Araioses.

Mortos o cacique e João de Deus, muitos índios dispersaram-se pela região, os quais, hoje, constituem a árvore genealógica da maioria das famílias que habitam as regiões do Rio Magú.

Anos depois da morte de João de Deus, as terras que havia doado à Santa em 12 de abril de 1764, foi considerada nula a doação por ter sido feita sem as formalidades do Parágrafo 15 e seguintes da Lei de 9 de setembro de 1769, o que gerou muita polêmica no ano de 1844.

Após o reconhecimento da legalidade da doação, procedeu-se a edificação de uma nova capela na margem esquerda do Rio Santa Rosa, no local onde hoje se encontra a Matriz, servindo esta como célula mater do Arraial, tornando-se Freguesia em 10 de novembro de 1851 através da Lei Estadual nº 299 que tinha sede no primeiro lugar do aldeamento indígena, passando a sediar-se na nova povoação conhecido por “Enjeitado”, pois já contava com maior expressão do que a Aldeia decadente que originou a verdadeira história.

Depois da Vila surge Araioses

Em 15 de maio de 1893, quarenta e dois anos depois, é elevada à categoria de Vila, sendo governada por Intendentes, Subintendentes, e vereadores da Câmara da Vila em conformidade das Leis n°23 de 24 de outubro de 1892 e n°31 de 24 de maio do mesmo ano. De agosto de 1893 a 31 de dezembro de 1918 a Vila teve seis Intendentes.

Quarenta e cinco anos depois, no dia 29 de março de 1938 é elevada à categoria de Cidade pela Lei Estadual n°45, vivendo um longo período de Intervenções, de 6 de dezembro de 1930 a 30 de julho de 1937.

Quando eclodiu a “Revolução de 30” no Rio de Janeiro, Araioses também sofreu seus impactos, pois foi deposto o prefeito Coronel Domingos Freitas Diniz, assumindo o cargo como Interventor, o comerciante Dionísio da Silva, nomeado pelo major José Luso Torres, interventor Federal no Maranhão.

Interventores que administraram Araioses:

1- Dionísio da Silva (06-12-1930)

2- Tenente Felipe José Ribeiro Mota (1931)

3- Abílio Neves de Alceu (1931)

4- Herculano Pastor de Almeida (1932)

5- Lauro Pastor Almeida.

6- Antonio Ibiapina Filho (1933)

7- Francisco José de Seixas.

8- Agripino Athayde Lima (1935)

9- João Batista de Freitas Diniz (11-11-1936 a 10-05-1937)

10 Abílio de Brito Pereira (10-05-1937).

Passado o regime intervencionista, foi implantado o regime democrático por brevíssimo tempo. A Constituição Estadual de 16 de outubro de 1936 restabeleceu a Eleição Direta para prefeitos e vereadores, para o quadriênio de 1937 a 1941, a cujo pleito concorreu e foi eleito e empossado o primeiro prefeito eleito pelo povo, Eduardo Luís dos Reis, em 30 de junho de 1937. Contudo, seu governo durou apenas sete meses, pois em 03 de janeiro de 1938 seu mandato foi interrompido porque no Maranhão recomeçou o antidemocrático processo de nomeação de Interventores. Era a época do “Estado Novo” de Getúlio Vargas.

O processo de nomeações também durou pouco tempo. Apenas dois prefeitos chegaram a ser nomeados:

1- Orestes Mourão (03-01-1938 a 01-03-1939)

2- Belarmino Freire (01-03-1939 a 15-07-1946).

Terminado o processo de nomeações todos os seguintes prefeitos foram eleitos:

1- João Batista Freitas Diniz (15-07-1946 a 01-03-1951)

2- Antonio de Freitas Costa (01-03-1951 a 1956)

3- Pedro Alexandrino Costa (concluiu o mandato de seu antecessor, como Presidente da Câmara, que foi até 1957)

4 – Sebastião Furtado Mendonça (1957 a 1961)

5- Tito Ferreira Gomes (1961 a 1966)

6- Silvio de Freitas Diniz (1966 a 1970)

7- José Marques Furtado (1970 a 1973)

8- Sílvio de Freitas Diniz (1973 a 1977)

9- Oscar de Freitas Diniz (na condição de vice, concluiu o mandato do titular em 31-01-1977)

10- José Cardoso do Nascimento (31-01-1977 a 31-01-1983)

11- Tito Ferreira Gomes (31-01-1983 mandato interrompido a 26 de setembro de 1984)

12- Olímpio Jacinto da Cunha (assumiu como vice de Tito em 26-09-1984 a 26-03-1985)

13- Tito Ferreira Gomes (reassume a prefeitura em 23-03-1985 a 31-01-1989)

14- José Cardoso do Nascimento (1989-1992)

15- Vicente de Paula Moura (1993-1996)

16- Francisco das Chagas Costa (1997-2000)

17- Vicente de Paula Moura (2001 até 04 de maio)

18- Pedro Henrique Silva Santos (assumiu a prefeitura por ocasião da morte de Vicente de Paula Moura em 07-05-2001 a 01-2005)

19- José Cardoso do Nascimento (2005 a 2008)

20- Luciana (Trinta) Marão Félix (01-2009 a 01-2013)

21- Valéria (do Manin) Cristina Pimentel Leal (01-2013 a 2016)

22- Cristino Gonçalves de Araújo (01-2017 a 2020)

Localização de Araioses

Araioses localiza-se ao NORTE com OCEANO ATLÂNTICO, ao SUL com Magalhães de Almeida e São Bernardo, ao LESTE com o Rio Parnaíba/PI, a OESTE com Água Doce do Maranhão e Santana do Maranhão.

Está 6,0 m de altitude do nível do mar, ocupa uma área de 1.596,1 km² com uma população de 42.600 (2011), tendo clima tropical, semiárido e quente, com duas estações distintas; a chuvosa (dezembro a junho) e a seca (julho a novembro). Seu tipo de solo: arenosos, areno-argiloso, argilosos e barrentos.

Sua vegetação é diversificada: praias e restingas no litoral, manguezais e ilhas. No Sul, caatinga e cerrados, carnaubais e babaçuais. Seu relevo é suave e ondulado.

A rede hidrográfica é composta de quatro bacias principais, na qual se destaca a do Rio Parnaíba que se completa com a do rio Santa Rosa para formar o grandioso Delta do Parnaíba ou Delta das Américas, o maior no Planeta em céu aberto. Em seguida, as Bacias dos rios Magu e Mariquita que contribuem na formação do complexo de vários igarapés, lagoas, ilhas e banhado-balneários do Município de Araioses.

*Hozana Costa Rodrigues – formada na UEMA e CEERSEMA é professora do Município Araioses.

4 pensou em “HISTÓRIA DE ARAIOSES – De sua origem até os dias atuais

  1. Quero encontrar a familia do meu avô Raimundo pereira Gomes.
    Seu pai era vicente pereira, conhecido como vicente brabo
    Sua mãe era Ana, eles moravam em araioses

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