Um morto vivo na Saúde

Por Fenado Brito

TIJOLAÇO – Os jornais noticiam que os secretários de Saúde do país, há dez dias, tentam em vão reunir-se para discutir ações conjuntas como o Ministro da Saúde, e não conseguem.

Falam, também, que ele está produzindo um “modelo matemático” para definir os graus de medidas de isolamento em cinco categorias. Está, como tudo por ali, “em estudos” e prometem para semana que vem a “tabela do óbvio”, porque nada pode ser decidido neste campo sem levar em conta que os testes não são feitos – ou não são examinados – e que tudo depende da dinâmica com que as diversas cidades acatam as recomendações restritivas às pessoas.

O sujeito que puseram no Ministério da Saúde, até agora, teve seu momento mais eloquente na hora em que passou, balançando-se de forma lúgubre, fazendo papel de cenário na fala de Bolsonaro sobre a demissão de Sergio Moro.

Enquanto isso, sem uma palavra, sem sequer um “fiquem em casa” do suposto ministro, a adesão ao isolamento social cai por toda a parte, os hospitais chegam a níveis insuportáveis de lotação, os corpos amontoam-se nos corredores hospitalares de Manaus e, lá, os filhos são obrigados a sepultar o próprio pai, por falta de coveiros. Nenhum reforço de emergência, nenhuma unidade médico-militar enviada como socorro para lá, inação absoluta.

Mas teve palavras para dizer, logo na primeira fala, que está preocupado com que “os hospitais estão perdendo muito movimento de doenças não Covid. Alguns 40%. Isso vai fazer com que eles tenham dificuldade ainda maior em sobreviver”.

Num país que tem tradição de produzir grandes sanitaristas, desde Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, é gigantesca a pequenez do atual ocupante do cargo. Nem mesmo Luiz Mandetta, a quem muito faltava, tinha muitas e muitas vezes mais capacidade em engajar a população nas medidas protetivas.

No momento em que se exige tudo – inclusive arriscar a própria vida – dos profissionais de Saúde, é inadmissível que o ministro da Saúde seja, praticamente, um zumbi.

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