Não se empolguem com Mourão

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Opiniões progressistas, inimigo número um do filho do presidente Jair Bolsonaro, defensor ávido dos direitos das mulheres pelo abordo e outros selos de campanhas e pautas não só da esquerda como de liberais no Brasil e mundo à fora.

Seria Mourão um comunista infiltrado? Um adepto do quinta-colunismo pronto para implodir o governo?

É a resposta é não, Mourão é inteligente, muito mais que Bolsonaro, possui melhor e maior formação que o paraquedista. Mas então o que ele está fazendo? Desarmando o adversário.

Carlos, mesmo certo, conduziu a situação toda de maneira extremamente afinada e atrapalhada, o que lhe colocou na boca do lobo, custando a credibilidade. Porém ele não está errado, Mourão é a raposa no galinheiro.

Mourão viu que essa conversa toda de “extrema-direita” não acaba bem, como vice presidente ele sabe exatamente dos pormenores da politica e melhor que ninguém sabia que o estilo de Bolsonaro seria como o Titanic indo de encontro com um iceberg. Por isso decidiu ir na direção oposta.

Se Bolsonaro é truculento, ele é gentil. Se Bolsonaro odeia X, então ele ama Y e assim vai. Mas não podemos esquecer que por um bom tempo Mourão foi o queridinho dos ultra-liberais e a extrema-direita deste país com falas e frases em episódio no mínimo polêmicos.

Em 2015 Mourão organizou um evento em homenagem ao coronel Ustra, o principal torturador da ditadura militar. Três anos depois, durante entrevista, defende homicida e torturador Brilhante Ustra com a frase “heróis matam” e ainda completou:

“Carlos Alberto Brilhante Ustra foi meu comandante quando eu era tenente em São Leopoldo. Um homem de coragem, um homem de determinação que me ensinou muita coisa”

Em setembro de 2018 também atacou os direitos dos trabalhadores como salário mínimo e 13°, chegou a ser desautorizado até mesmo por Bolsonaro por conta da declaração.

O mesmo Mourão que hoje afirma que o aborto é uma discussão unicamente das mulheres afirmou ainda ano passado que casa só com ‘mãe e avó’ é ‘fábrica de desajustados’ para o tráfico.

Mourão também coleciona declarações racistas como quando afirmou o Brasil errou ao aliar-se à ‘mulambada’ na África e América Latina e Neto seria bonito graças ao embranquecimento da raça.

Até mesmo o Mourão que agitava as tropas e pedia uma ação militar contra o Planalto desapareceu. No lugar nasceu um homem republicano, cordial com a imprensa e disposta a sentar para conversar com a oposição.

Ao lado de um troglodita como Jair Bolsonaro, Mourão gosta mostrar que sabe usar talheres.

Acontece que próximo de Bolsonaro, qualquer um que discorde dos impropérios e barbaridades do presidente será um progressista.

A inteligência do vice-presidente preocupa Carlos Bolsonaro que paulatinamente pública alguma acusação contra o vice de seu pai.

A preocupação tem um fundo de verdade. Durante uma entrevista para o site The Intercept o o general da reserva conhecido como Assis disse :

“o Mourão vai ser presidente da República”. Em 2022 ou antes – caso “algo” aconteça com Bolsonaro. “Tudo pode acontecer. Ele é o vice, é o único que foi eleito. Os ministros todos podem sair, ele não. Vai ficar até o último dia”

O General truculento deu espaço para um militar republicano e já percebeu que o governo Bolsonaro não concluirá o mandato, por isso busca apoio popular das camadas mais moderadas e à esquerda da sociedade para desarmar críticas e resistência de opositores. Além de ser bem visto pela mídia.

Mas engana-se se acham que Mourão irá ser quem derrubará o governo. Na verdade Mourão apenas se prepara para aquilo que aparentemente se tornou uma realidade. O fim do governo Bolsonaro.

Com o desemprego subindo como uma epidemia e o flagrante desdém que Bolsonaro tem das questões nacionais em detrimento de picuinhas na internet fica claro para qualquer um que o governo respira por aparelhos.

Mourão é representante de um dos 3 grupos que disputam a cadeira vaga de presidente da República em uma espécie de Game of Thrones tupiniquim. De um lado temos o Partido Lavajatista, do outro os militares e por fim os tresloucados Bolsonaristas embebidos no mais torpe olavismo.

É isso é triste. Mas talvez uma frase da ex-presidente Dilma Rousseff explique o momento atual:

Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.

Essa gente vai brigando e o país desmoronando.

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