Ribamar Corrêa: Flávio Dino alerta que a Democracia está ameaçada por causa da crise econômica e dos tropeços do Governo Bolsonaro

Por Ribamar Corrêa

A democracia do Brasil encontra-se sob risco. O alerta, feito em tom sereno, mas grave, é do governador Flávio Dino (PCdoB), para quem a estagnação econômica medida nos três primeiros meses do Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), associada à falta de medidas fortes para estimular a retomada da economia e à inanição da máquina pública e o incentivo à violência social e ao ódio político formam um caldeirão que pode resultar numa ditadura.  “O Brasil está parando e lamento que alguns não queiram ver”, disse o governador, lamentando o colapso das finanças públicas, que vem resultando na desativação dos serviços públicos federais. Para o chefe do Governo do Maranhão, cenário produz terreno é fértil para estimular a implantação gradativa de um Estado militar e policialesco no Brasil, que pode desembocar no desmonte do Estado Democrático de Direito, caminho certo para a implantação de um regime de força.

– Tiros, armas, a ideia falsa de que somente militares nos salvarão, violência e ódio para todos os lados, o suposto horror à ‘velha política’. Receita que pode conduzir a uma ditadura aberta – observou Flávio Dino, temendo que esses estopins, associados à ineficiência dos serviços públicos e ao sentimento de desesperança da população, produzam o desmente do Estado Democrático de Direito no País.

Os exemplos registrados nos primeiros 116 dias do Governo Jair Bolsonaro mostraram um presidente absolutamente despreparado para comandar um País tão grande, diversificado e complexo como o Brasil. O capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro passa a impressão de que nada aprendeu sobre o Brasil quando esteve na ativa e nos 36 anos que passou na Câmara Federal. Os dois exemplos mais recentes – a intervenção intempestiva e descabida na Petrobras para suspender um aumento no preço do óleo diesel, desmoralizando publicamente a direção da empresa, que nada mais fez do que seguir as regras,  e o gesto de proibir os fiscais do Ibama de destruir caminhões e máquinas apreendidos na selva nas operações de combate à extração criminosa de madeira, que certamente foi comemorada com grande festa pelos criminosos dessa área em todo o País, inclusive no Maranhão – são reveladores do despreparo do capitão da reserva quanto à moderação e às cautelas que devem mover um chefe de Estado, principalmente em relação a questões de tamanha gravidade.

O Governo Bolsonaro não encontrou rumo até agora. Por absoluta falta de preparado do presidente, o Governo não tem uma política econômica clara – pois apesar de montar um superministério e dispor de poderes excepcionais, o ministro da Economia não apresentou um projeto concreto para reativar a economia -, não tem um projeto para a Educação, ninguém sabe o que anda fazendo o ministro da Saúde, o ministro do Turismo virou suspeito com a Polícia Federal no seu encalço por desvio de milhões do Fundo Eleitoral no partido do presidente (PSL), o ministro da Infraestrutura fala muito e nada concretiza, e por aí vai. E o chefe do Governo, além de passar bom tempo tuitando, adotou uma política externa que está assombrando a maior parte do corpo diplomático brasileiro ao comprar briga com a China e com os povos árabes em favor de Israel e mergulhar o País na crise da Venezuela, além de ter adotado uma atitude quase submissa ao Governo republicano e conservador de Donald Trump nos EUA – se os democratas voltarem ao poder, o presidente brasileiro vai ficar numa situação delicada. E o pior é que a situação só tende a se agravar.

Tudo isso está acontecendo em meio a uma situação de forte tensão social, com desemprego aumentando, a economia travada e uma forte ameaça de desordem no ar, que se manifesta na crise do Rio de Janeiro, por exemplo. Os problemas, – cujas soluções de curto, médio e longo prazos dependem de ações do Governo – se avolumam, formam esse bolsão bombástico rascunhado e apontado pelo governador Flávio Dino como a grande ameaça à Democracia com a qual os brasileiros se reencontraram depois de amargarem uma ditadura militar de 21 anos. Daí ser um gesto de sensatez política – independentemente da cor partidária – dar a devida atenção ao que diz o governador do Maranhão, uma das vozes mais firmes e equilibradas da política brasileira na atualidade.

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