Como Bolsonaro meteu os militares numa batalha inútil

Por Fernando Brito  no TIJOLAÇO

Não há conflito, seja briga ou batalha, mais danoso que aquele que é desnecessário.

A decisão da  juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, proibindo as comemorações – ou “rememorações, se assim quer Bolsonaro – dos 55 anos do golpe militar de 1964 foi o corolário de uma pataquada que em nada serviu aos militares, mas que se prestou, isso sim, ao uso político-ideológico das Forças Armadas para a promoção do presidente.

Será que eles próprios, que tanto falam em “guerra psicológica”, em “brasileiro contra brasileiro”, em radicalismo e intolerância como se estes fossem métodos da esquerda, não percebem que Jair Bolsonaro tirou da cartola esta história e a usou para insuflar os grupelhos que o acompanham gritando “intervenção militar”?

Será não vêem que foi ele quem – já num momento difícil, quando tentam emplacar recomposições salariais – colocou as Forças Armadas como ambiciosas de tudo, inclusive do poder civil?

Que aquilo que o presidente fez lhe serve politicamente, porque ele quer o lugar do “prende e arrebenta”, do macho armado, do que resolve na bala, o de promotor da divisão, enquanto nossas Armas querem (ou deveriam querer) o contrário, o de instituições serenas e unânimes, aceitas e reconhecidas por todos?

Se os nossos generais não percebem que Bolsonaro foi, deliberadamente, arrancar cascas de feridas para que elas sangrem, francamente, não percebem mais nada.

Já não duvido disso, diante do fato de terem patrocinado a ascensão de um capitãozinho tosco ao posto de seu comandante supremo.

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