O suicídio de Aécio

Ricardo Noblat

Só o desespero ou a inexperiência política seria capaz de explicar erro tão desastroso como o cometido, ontem, pelo senador Aécio Neves (MG) ao reassumir a presidência do PSDB para dela afastar Tasso Jereissati (CE), o presidente interino por ele mesmo empossado.

Experiência política Aécio tem de sobra. Acumulou-a passando da condição de neto e de secretário particular do avô Tancredo Neves a de deputado federal, depois a de presidente da Câmara, mais tarde a de governador por duas vezes de Minas Gerais, e por último a de senador.

Resta o desespero. Só ele pode explicar o que fez Aécio. O desespero de quem pulverizou em pouco tempo um capital político que bem administrado poderia ter feito do seu dono o candidato favorito a vencer a sucessão de Temerl. O desespero de quem pouco aprendeu com a vida.

Falta menos de um mês para que o PSDB eleja seu novo presidente. De maio para cá, enquanto Aécio se ocupava em recuperar o mandato e a liberdade temporariamente suspensos, Jereissati deu um jeito de injetar novo ânimo em um partido gravemente ameaçado de soçobrar.

Para isso, admitiu erros que o PSDB cometeu, defendeu que ele abandonasse a companhia do presidente mais impopular da história do país, e acenou com novas propostas de governança interna. Credenciou-se assim para ser lançado candidato à sucessão de Aécio. Nada mais natural.

Ao invés de se fingir de morto vivo, pois é isso que ele é,  Aécio reagiu com o ato inconsequente de destituir Jereissati da presidência do partido. Com isso, voltou à boca do palco de onde se afastara inconformado. E mostrou outra vez de que lado está e ficará.

Está do lado dos que resistem às mudanças, dos que querem manter a política como ela sempre foi, e dos que ainda insistem em se agarrar a um governo de fechada. Como dessa maneira ele imagina se eleger qualquer coisa? Enterrou-se de vez. Elegeu Jereissati.

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