Greve geral: todos contra Michel Temer

Ed Wilson Araújo

A greve geral deflagrada hoje no Brasil tem um detalhe – a unificação das centrais sindicais controladas pelos mais diversos partidos, da direita à extrema esquerda.

Antes do impeachment, apenas a CSP/Conlutas, vinculada ao PSTU, defendia uma ação radical contra a retirada de direitos trabalhistas e os ataques à Previdência.

No percurso da cassação de Dilma Roussef, a CUT, braço sindical do PT, saiu dos gabinetes e voltou às ruas.

Até mesmo organizações sindicais que apoiaram o golpe, como a Força Sindical, controlada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (Solidariedade), somou na greve geral.

A unidade das centrais sindicais de perfis distintos derruba o argumento de que a greve é uma orquestração para defender Lula e o PT.

Portanto, não faz sentido dizer que o petismo lidera a greve, até porque a CUT, órfã de suas bases, não teria condições de fazer, sozinha, uma paralisação gigante.

A greve também é um sucesso devido ao impacto e rejeição das reformas Previdenciária e Trabalhista do governo Michel Temer (PMDB), somadas ao desemprego e à recessão econômica.

Partindo de uma proposta inicial de 49 anos de contribuição para a aposentadoria, o governo jogou todo o povo contra o Palácio do Planalto.

Foi o suficiente para alimentar um clima de revolta e apoio à greve, atraindo até setores da classe média conservadora afetada pela incerteza da aposentadoria.

Este segmento elitizado não foi para as ruas, mas também não reprovou a greve, apenas torceu o nariz para os sindicalistas vestidos de vermelho.

Reprovado nas pesquisas, o interino Michel Temer só tem apoio dos banqueiros e da Fiesp.

Mas, apesar da greve, no Congresso Nacional o governo vai passando o trator nos direitos trabalhistas.

O Brasil pós-impeachment reforça o poderio dos senhores de engenho.

Resta saber se o povo nas ruas vai conseguir barrar o trator temerário até o fim do ano.

28 de abril foi uma demonstração de força, com o apoio espontâneo de pessoas sem filiação sindical, homens e mulheres comuns que estão sentindo o drama do desemprego e a falta de expectativa da aposentadoria.

Detalhe relevante: o país parou sem o apoio da Globo.

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