Doleiro, propina e Eike Batista: O Maranhão na rota da Lava Jato

Blog do Ed Wilson Araújo

Preso e com a cabeça raspada, Eike Batista tinha investimentos no Maranhão. Foto: Fabio Motta / Estadão Conteúdo

Logo após a cassação do governador Jackson Lago (PDT), em 2009, quando Roseana Sarney (PMDB) assumiu o mandato tampão, um megaevento foi realizado em São Luís, reunindo a elite do BNDES, da Suzano Papel e Celulose, da Petrobras e o empresário Eike Fuhrken Batista.

O evento, a título de retomar o desenvolvimento do Maranhão, na verdade reunia doadores de campanha e pavimentava mais um mandato para Roseana Sarney, em 2010, embalada pela promessa de uma refinaria de petróleo em Bacabeira – transformada em um estelionato eleitoral.

Eike Batista pontificou no evento como um case de sucesso e passou a figurar como garoto propaganda de grandes empreendimentos vitoriosos no Maranhão, especialmente na área de energia.

Em 2013, uma das empresas de Eike Batista, a EBX, anunciava a instalação da Usina Termelétrica Itaqui, na zona rural de São Luís, engenho poluente à base de carvão mineral repudiado por ambientalistas e movimentos sociais.

DOLEIRO E PROPINA

É sempre bom lembrar que o estopim da operação Lava Jato ocorreu quando o doleiro Alberto Youssef foi preso no luxuoso hotel Luzeiros, em São Luís, acusado de pagar propina para “furar a fila” de precatórios, no governo Roseana Sarney.

Estávamos em março de 2014 quando a Polícia Federal alcançou Alberto Youssef. Ele revelou que viera a São Luís entregar R$ 1,4 milhão em propina para acelerar o pagamento de precatório no valor de R$ 113 milhões à empreiteira UTC.

A negociação, segundo depoimento de Alberto Youssef, seria intermediada por João Abreu, então chefe da Casa Civil de Roseana Sarney.

O doleiro é uma personagem central nas investigações. A partir da delação de Youssef, o mundo político veio abaixo com a revelação de várias ramificações do crime organizado operando no esquema de financiamento de campanhas eleitorais e pagamento de propinas para contratos.

Como se pode observar, do início ao momento presente, os lances mais importantes da operação Lava Jato passam pelo Maranhão.

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