Professora Miroca, minha mamãe Noel

O fato ocorreu quando eu tinha cinco anos e passadas seis décadas nunca esqueci, pois a alegria e a felicidade que me causou foram muito grandes, inesquecíveis.

Minhas origens – graças a Deus – são muito humildes e nessa época ainda vivíamos em um casebre coberto com palha de carnaúba no povoado Remanso, distante 32 km da cidade de Araioses. Não tinha a menor noção do que era Natal e muito menos Papai Noel.

Mas naquele ano de 1956 soube o quanto essa dada pode ser alegre, principalmente para crianças pobres, quando ganham um presente, por muito simples que seja.

Naqueles tempos uma professora que chamávamos de Miroca – não tenho certeza se esse era seu nome de batismo, como dizem – que morava em Parnaíba/PI e era muito amiga de minha mãe nos visitou trazendo na bagagem, um grande saco cheio até boca, de pequeno e humildes presentes para dá, não só aos filhos de minha mãe, como os demais da vizinhança.

Era seu costume fazer isso quando visitava outras localidades, como Várzea dos Batistas e Mariquita, onde moravam outras pessoas da nossa família.

Dona Miroca, como chamávamos, naquele dia distribuiu presentinhos para todos nós, naquela humilde casinha no Remanso, que o tempo já destruiu suas peças físicas, mas não apagou suas lembranças de minha memória.

A mim ela deu um pequeno balão azul, desses que se usa em festas de aniversários de crianças e passando todo esse tempo me lembro de todos os detalhes, mas ainda não tive a capacidade de reportar toda a alegria e a felicidade que tomou conta de mim naquele dia. Indescritível!

A professora Miroca saiu de nossas vidas, pois teve que trabalhar em locais mais distantes.

Tem sido a minha mãe que me fala dela, pois tudo que sei de Miroca foi ela que me contou.

O que sei é que minha querida e inesquecível Mamãe Noel nasceu em Magalhães de Almeida/MA e quando nos visitava morava em Parnaíba. Mamãe diz que ela pertencia a uma família tradicional e rica daquela cidade maranhense.

Recentemente quis saber mais da vida dela e mamãe me disse que ela foi na verdade, sua primeira educadora, pois  foi quem lhe explicou os primeiros sintomas que ocorre quando uma menina moça se torna mulher.

Disse-me também que ela era tia do saudoso jornalista Batista Leão – dirigiu a Rádio Educadora de Parnaíba na década de 70 -, que por sua vez é tio de Nato Carvalho, ex-prefeito de Magalhães de Almeida e, sendo assim, é tia-avó de Ana Rita, esposa do vereador Dênis de Miranda.

Mamãe não sabe dizer seu destino depois que teria ido morar em Tutóia, mas sei que parte dele está dentro de meu coração.

Talvez ela nunca tenha tido conhecimento da importância daquele balãozinho azul, que me deu de presente naquele Natal.

Eu sei o quanto ele foi importante para mim. Uma criança pobre, como eu era não vai esquecer a toa seu primeiro presente de Natal.

Querida Miroca, esteja onde estiver abro com muito amor meu coração para te dizer obrigado e FELIZ NATAL!

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