O presidente do TRF 4 ou o diretor geral da PF estão mentindo. Haverá esclarecimento ou a vergonha prevalecerá?

Por Kiko Nogueira

O presidente do TRF4), Thompson Flores, chamou, indiretamente, de mentiroso o diretor geral da PF Rogério Galloro.

Em nota oficial, Thompson declarou que não houve pressão para a Polícia Federal manter Lula preso após o despacho do plantonista da 8ª Turma, desembargador Rogério Favreto, na famosa manhã de 8 de julho.

Favreto, como se sabe, havia concedido um habeas corpus no processo em que Lula foi condenado na Lava Jato a 12 anos e um mês de prisão.

Flores admite que antecipou o despacho. Mas alega que “informou à autoridade competente que despacharia nos minutos subsequentes, sem, em momento algum, dar alguma ordem por telefone”.

Galloro relatou em entrevista os bastidores daquele domingo caótico e vexaminoso.

Deu nome aos bois:

Diante das divergências, decidimos fazer a nossa interpretação. Concluímos que iríamos cumprir a decisão do plantonista do TRF-4. Falei para o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública): ‘Ministro, nós vamos soltar’. Em seguida, a (procuradora-geral da República) Raquel Dodge me ligou e disse que estava protocolando no STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a soltura. ‘E agora?’ Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema.

Em sua defesa, Thompson argumenta que “observou o sistema legal pátrio, bem como o direito constitucional do devido processo legal”. Tudo em nome da lei.

Um dos dois está falando pela metade.

O juiz Louis Brandeis, primeiro judeu americano na Suprema Corte dos EUA, é autor de um clássico sobre a violência do Estado.

Foi no julgamento de um vendedor de bebidas grampeado sem autorização judicial durante a Lei Seca, no final dos anos 20, como lembra meu amigo Clayton Netz.

”Os maiores perigos para a Liberdade escondem-se traiçoeiramente nos ataques feitos por homens zelosos, bem-intencionados, mas sem compreensão. Declarar na administração da lei criminal que os fins justificam os meios, afirmar que o governo pode cometer crimes para garantir a condenação de um determinado criminoso, poderia provocar terríveis consequências.”

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