Grupo depositava as quantias em contas repassadas para as empresas no Piauí
Portal AZ – Empresas do Piauí, cujos nomes a Polícia Civil do Rio Grande do Sul ainda não revelou, estão envolvidas com uma facção criminosa acusada de venda de drogas e lavagem de dinheiro. Além do Piauí, mais quatro estados estão envolvidos.
A quadrilha, presa nessa quinta-feira (16), é uma das maiores organizações criminosas do estado gaúcho. O principal alvo da operação é o traficante Jackson Peixoto Rodrigues, conhecido como Nego Jackson, que teria ligações com criminosos no Paraguai e com facções do Rio de Janeiro.
A mulher de Nego Jackson, Raquel Lopes dos Santos, 42 anos, era a gerente financeira da facção e passou a comandar o grupo depois da prisão do marido. Raquel recebia todo o dinheiro oriundo do tráfico.
Dinheiro encontrado pela polícia na casa da esposa de Jackson em Taquara (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Com o montante em mãos, Raquel escolhia pessoas, sem antecedentes criminais, que depositavam o dinheiro em contas de empresas laranjas. Para fazer o dinheiro circular e despistar sua origem, o grupo depositava as quantias em contas repassadas para as empresas no Piauí e dos outros estados que, por sua vez, encaminhavam para vários destinos.
Como funcionava o esquema
Todo o dinheiro ganho com a venda de drogas dentro da Vila Jardim e para outros traficantes era recolhido por gerentes do tráfico. Depois, era submetido à gerente financeira da facção, uma mulher que também é um dos alvos da Polícia Civil, juntamente com a esposa de Jackson.
Gráfico elaborado pela polícia mostra organograma da facção (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
As quantias, então, eram depositadas em contas repassadas para empresas situadas no Rio Grande do Sul e outros cinco estados, que, por sua vez, encaminhavam para outros destinos.
Casas de câmbio e empresas de turismo de fachada na fronteira eram usadas, e o dinheiro era reenviado para o Paraguai, onde Nego Jackson estava escondido antes de ser preso. Segundo a polícia, boa parte do montante era destinada ao conforto do criminoso.
A investigação também chegou ao fato de que Nego Jackson havia assumido o papel de fornecedor de drogas para outros grandes traficantes da Região Metropolitana de Porto Alegre. Alguns destes integram, inclusive, outras facções.
Nego Jackson, de acordo com a investigação, tem ligações com uma facção do Rio de Janeiro, e com o narcotraficante Jarvis Pavão, que também está preso. Ao dar entrada na Penitenciária de Porto Velho, pediu para ser recolhido no espaço destinado aos criminosos vinculados à facção carioca.
De acordo com o diretor do gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da Polícia Civil, delegado Cristiano de Castro Reschke, é importante entender que o crime organizado se tornou um fenômeno social e criminal, combatendo os crimes de lavagem de dinheiro como estratégia de enfraquecer essas organizações.
“É necessário, importa destacar, o fortalecimento de ações como esta, com foco na lavagem de dinheiro, atacando o que move o crime, o dinheiro, e o que vem com ele: poder, armas drogas e violência”, afirma o delegado.
‘Alvo número um’ da polícia
Na ocasião de sua prisão, o chefe da polícia do estado, Emerson Wendt, chegou a afirmar que Jackson era o alvo número 1 da corporação. Além dos crimes cometidos no Brasil, o líder criminoso também é investigado por um duplo homicídio no Paraguai.
Jackson iniciou a vida no crime ainda durante a adolescência, e chegou a ser considerado “braço direito” dos antigos líderes do tráfico da Vila Jardim. Quando eles morreram, Nego Jackson assumiu o controle. Ele virou fornecedor de armas e drogas para outros traficantes, inclusive no interior do estado.
Números da operação
– 30 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Cachoeirinha, Viamão, Taquara, Gravataí e Canoas.
– 11 mandados de prisão
– 5 pessoas presas até as 8h
– 32 imóveis sequestrados
– 31 veículos apreendidos
– Total de bens da facção bloqueados até as 08h de ontem: R$ 10.6000.000
– Investigação durou oito meses
– Facção atuava principalmente em Porto Alegre e Gravataí
– As empresas usadas para lavar dinheiro ficavam no Piauí, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul