PCdoB e PSDB vão acertar os caminhos, prova de que Dino repara os erros de 2012

Do blog do Roberto Kenard

Em 2012, como sempre faço, fui claro ao dizer que Flávio Dino (PCdoB) cometia grave erro ao se meter nas disputas municipais, particularmente em São Luís. E Dino tinha um exemplo às mãos: a eleição de 2008. Ali, Jackson Lago (PDT), então governador do Maranhão, tinha dois aliados em disputa: João Castelo (PSDB) e o… isso mesmo, o próprio Dino.

Evidente que ao optar por um de dois aliados Jackson Lago acabou por gerar rusgas, tão é verdade que elas afloraram na disputa pelo governo em 2010, coisa por demais sabida e que, por isso, dispensa maiores atenções. Vale o exemplo.

Para completar o equívoco, Flávio Dino, para eleger Edivaldo Holanda Júnior (PTC) prefeito de São Luís, fez o inconcebível: amarrou alianças com PDT e PSB, em torno das vagas de vice e ao Senado, com dois anos de antecedência da disputa pelo governo!

Claro que esses equívocos bateriam na porta de Dino em 2014, como assinalei e agora se confirma. Ressalte-se por importante que de 2012 até aqui, por conta dessas análises, passei a receber comentários de cretinos como se fora coisa de inimigo de Dino, quando não sou inimigo de ninguém, cumpro com meu papel de jornalista.

Há um ditado que é um imenso lugar-comum (e eu não desprezo o lugar-comum, desde que bem aplicado): nada como o tempo para fazer baixar a poeira. Pois é, baixada a poeira, vê-se melhor e as coisas são postas no seu devido lugar.

Flávio Dino, diga-se, tem procurado rever e reverter esses erros. Foi assim quando sentiu que precisava aliar-se ao PSDB, atualmente maior força política que o PDT (em votos e tempo de tevê). Naturalmente, alianças exigem contrapartidas. Ao PSDB coube inicialmente a indicação do vice de Flávio Dino, no caso, o deputado federal Carlos Brandão. Mas repare-se que este blog captou os subentendidos do discurso do senador Aécio Neves, aqui pisados e repisados. Ou seja: fechava-se uma janela, mas a porta para a criação de novas opções na aliança ficava aberta.

E a nova opção logo tratou de se manifestar na figura de João Castelo, que se prontifica a apoiar Dino desde que a vaga para disputar o Senado seja sua. Não há nada aí de escandaloso, é parte do jogo. Tanto que o próprio Flávio Dino, já escaldado, metera um “hoje” no discurso em que confirmava Roberto Rocha (PSB) candidato ao Senado. Era a porta aberta.

Castelo faz sua reivindicação sentado em pesquisas de intenções de voto, nas quais aparece na crista da onda. E, como também já escrevi aqui, é indiscutível que o tucano agrega incontáveis vezes mais votos a Dino do que Roberto Rocha (expliquei, inclusive, afinal estamos numa terra de intocáveis, que a análise nada tinha de pessoal).

O problema era (é) o que fazer com Roberto Rocha. Este já havia ameaçado tirar o PSB da coligação de Dino e lançar-se candidato a governador. Tratei a coisa como o assovio do sujeito que caminha sozinho numa estrada escura.

Logo depois, mais precisamente na sexta-feira, fonte do PSDB me passou a notícia da reunião dos presidentes de partidos da coligação de Dino. Ali, segundo a fonte, discutira-se que o PSDB não poderia levar tudo: vice e Senado. Além do mais, sempre segundo a fonte, Roberto Rocha começava a não se opor à possibilidade de vir a ocupar a vaga de vice.

Aí o problema a contornar já era outro: o que fazer com Carlos Brandão, posto anteriormente na vice. A fonte me disse que Brandão poderia ser candidato a deputado estadual, com a promessa, em caso de vitória de Dino, de ser o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Não sei como toda essa mudança chegou a Flávio Dino (enviei mensagens a Márcio Jerry, presidente do PCdoB, mas não obtive resposta) e não sei a reação de Carlos Brandão (com a perda de meu iphone fiquei sem o número dele).

Ontem, entrevistei um dos chamados históricos do PDT (post mais abaixo) e aproveitei para perguntar sobre a questão do Senado na coligação de Dino.

Ouvi o seguinte:

– Considero Castelo e Roberto Rocha péssimos oposicionistas, política e pessoalmente, mas não há dúvidas de que Castelo tem maior envergadura e é mais importante eleitoralmente para Flávio Dino.

Reparem que o que eu dizia aos poucos vai se confirmando conforme vou ouvindo representantes de partidos da coligação oposicionista.

E agora encerro: quando analisei o discurso de Aécio Neves, mostrei que ele havia dito isto:

– O que nós estamos fazendo aqui, hoje, é consagrando o entendimento para que o PSDB participe com a candidatura a vice-governador na chapa do Flávio Dino. Essa é a decisão tomada pelo partido até agora, não há nenhuma outra discussão. Se ela houver, será tratada no momento oportuno.

E eis o que eu não disse naquele texto: está claro no discurso de Aécio Neves que a questão do Senado foi sim conversada.  A vaga de vice era para selar logo o acordo PSDB-PCdoB, mas poderia ser repensada, no momento oportuno. Imagino o seguinte: se Castelo vier a se consolidar, o PSDB teria interesse no Senado, deixando a vaga de vice livre para Dino fazer novos acordos.

Restam pendentes Carlos Brandão e Roberto Rocha. É aguardar.

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