A Gestão da Decência II

Está mesmo bem movimentada Araioses. E não é por conta do carnaval, embora o mês seja de fevereiro. Afinal, não há carnaval pra desempregado com contas a pagar, pra comércio sem cliente, pra criança desnutrida.
E as mudanças não param por aí. Dona Luciana está de volta e encontra, segundo ela, a cidade infestada de mentiras disseminadas por gente má intencionada que fica estimulando o povo a tomar posições violentas contra sua gestão: uma gestão, que no seu entendimento, tudo que deseja é a moralização da cidade e o bem-estar social.
Pra alguém que fala em governar com o povo, dona Luciana deveria perguntar a este o que está achando de tudo isso. Deveria perguntar se nesta moralização está incluída oportunidade de trabalho para todos ou o desemprego de muitos. Por enquanto, a revolta é geral. A revolta é tanta que há quem afirme, e não são poucos, que se a eleição fosse hoje ela não seria eleita nem para presidente de associação de bairro.
A título de ilustração vamos enumerar os últimos acontecimentos:
1- a prefeita se ausenta, embora a trabalho, deixando centenas de funcionários públicos com seus pagamentos incompletos;
2- mais de uma centena sem pagamento e parcialmente demitida;
3- seus assessores descumprem o compromisso com o sindicato da classe;
4- seu advogado, quando se dignou a atendê-los, na prefeitura, para dar uma posição sobre o caso, diz asperamente que não vai aceitar pressão porque não trabalha sob pressão;
5- há fortes rumores de que a prefeita irá anular o concurso;
6- assim que retorna, existem indícios de ter convocado uma reunião secreta com alguns vereadores, na calada da noite.
Tudo isso, nunca é demais repetir, depois de ter exposto exaustivamente os funcionários a toda espécie de humilhação que o araiosense já conhece e dissemina por onde passa.
Ora, senhores! Pra começar, alguém que não trabalha sob pressão não deveria ser advogado. Outra coisa: resta saber de que tipo de pressão ele estaria falando? Da pressão da chefa do executivo ou do povo?
Será que o doutor se deu ao trabalho de reconhecer que quem tem o direito de estar sob pressão é o funcionário que até ontem vinha conseguindo dar comida pra sua família com esse salário que a prefeita lhe retirou? Ou será que o doutor acha que a pressão que está recebendo de ambos é maior do que a do povo que está com fome?
Quanto ao discurso da prefeita na rádio: não adianta tentar falar da administração passada, não adianta tentar jogar os funcionários contra o sindicato, não adianta acusar o jornalista da cidade de instigador do mal, porque ele só está cumprindo o seu papel mantendo o povo melhor informado. Se as informações não lhe agradam, tome coragem e dê o exemplo. Forneça ao povo, que é o seu chefe, as informações que lhe é de direito; não através de discursos, mas através de documentos. Tempo para isso a senhora já teve. Se não o fez é porque não quis. Desse modo, a culpa é sua. Afinal, prefeita, onde não há transparência prolifera a especulação.
O novato (16/02/09)

Novato é colaborador do programa jornalístico Comando Geral apresentado de segunda-feira a sexta-feira, ao meio dia na Radio Santa Rosa FM, por Daby Santos

2 pensou em “A Gestão da Decência II

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *